“SC chama a atenção do mundo”, aponta CEO da A2C

Muitos empreendedores indicam Santa Catarina como uma meca brasileira para o desenvolvimento de startups. Incentivos, associativismo forte e investimentos em educação são alguns dos aspectos que levaram a esse estágio. A avaliação é do empresário And...
“SC chama a atenção do mundo”, aponta CEO da A2C

Muitos empreendedores indicam Santa Catarina como uma meca brasileira para o desenvolvimento de startups. Incentivos, associativismo forte e investimentos em educação são alguns dos aspectos que levaram a esse estágio. A avaliação é do empresário Anderson de Andrade (foto). Nascido em São Borja, o gaúcho vive no estado vizinho há mais de duas décadas. Participando pela primeira vez da Web Summit, ele é uma liderança ativa do mercado catarinense de tecnologia. Apaixonado por inovação, há duas décadas, quando os brasileiros ainda estavam tateando o universo digital, ele fundou sua primeira empresa "ponto com". Desde então, co-fundou e investiu em mais de uma dúzia de startups.

Mentor e conselheiro de diversas iniciativas do ecossistema brasileiro de inovação e de transformação empreendedora, Anderson é engajado na participação associativa. Fundou entidades e presidiu, por duas vezes, a Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi) Nacional. Também é fundador e CEO da A2C, especializada em transformação de marcas e de negócios, e é gestor de fundos de venture capital. Confira, a seguir, a entrevista exclusiva que Andrade concedeu ao Portal AMANHÃ.  

Quais os diferenciais competitivos que têm destacado Santa Catarina como um polo de startups e inovação corporativa? Por que deixou outros estados para trás?
Na minha visão, é uma conjunção de fatores. Trata-se de um estado pequeno e com muita densidade educacional. Tem excelentes escolas e universidades, uma cultura pioneira e forte de empresas de tecnologia já de algumas décadas. Citando um exemplo: a Datasul, de Joinville, além de muitas empresas de Blumenau e Florianópolis. Isso ajudou a criar várias gerações que hoje se complementam. Estamos na quarta geração de empreendedores e, nos últimos cinco anos, o número de empresas de tecnologia em Santa Catarina saltou de 6 mil para 12 mil. Ou seja, foram 6 mil empresas criadas nos últimos cinco anos. É impressionante a pujança. Destaco ainda a atração de investimentos, o posicionamento da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate) como entidade setorial, o alinhamento com os governos locais e estaduais, as prefeituras entendendo a importância econômica do setor. Temos uma visão da diversidade econômica. A indústria tradicional está passando por uma grande transformação, ou seja, essas companhias estão se tornando empresas de TI. Há ainda a participação muito ativa nos ecossistemas do Sebrae-SC com iniciativas de capacitação empreendedora de maneira constante. A educação muda uma cidade, um país e o mundo. Hoje, Santa Catarina se destaca no com suas iniciativas e chama a atenção do mundo. Basta vermos a presença aqui na Web Summit em Lisboa.

Por que Portugal atrai tanta atenção do ecossistema de inovação global?
Esta é minha primeira vez na Web Summit e a segunda em Lisboa. Em 2015, pude ver o ecossistema começar a despontar por aqui, e Portugal se comprometeu de maneira efetiva com a agenda empreendedora da nova economia. O pacote de benefícios para atrair empresas e talentos, somados a um país de belezas naturais e um povo receptivo e acolhedor, está redesenhando sua matriz econômica. E isso é o que as empresas, os talentos e os investidores mais buscam para desenvolver seus negócios com o mundo. Portugal levou a sério essa agenda, implementou projetos reais de incentivo e investiu pesado na Web Summit como o maior evento do setor no mundo, tornando-o um dos mais importantes palcos da nova economia no globo.

Na A2C, você ajuda clientes a criar estratégias de inovação que geram valor. Qual é o principal gargalo que as empresas costumam apresentar?
Pela minha experiência de mais de 18 anos na A2C ajudando empresas a inovarem, o maior desafio continua sendo a cultura organizacional. Essa é de longe a maior barreira que enfrentamos. Não se trata de idade, mas sim de mentalidade. Os executivos precisam se atualizar constantemente, e o conselho precisa permitir esse espaço de aprendizado, aceitando a cultura do fast fail.

Você tem uma trajetória de investimentos em startups. Quais as principais características ou diferenciais que você busca nesse tipo de negócio?
Estou há mais de sete anos investindo em startups e aprendendo com elas e seus empreendedores, incluindo meus colegas de co-investimento. É preciso sempre analisar a qualidade dos empreendedores, seu comportamento, capacidade de foco e execução, bem como um sonho grande. Não menos importante é o tamanho do mercado para se operar. O produto ou a solução é o que menos importa.

O momento é propício para quem quer investir em startups no Brasil e na região Sul? O que precisa melhorar?
O timing é bastante adequado na região Sul, no Brasil e no mundo. Estamos vivendo uma era de mudanças constantes, com um oceano de oportunidades para quem souber executar. Sempre há espaço para melhorar aspectos como incentivos, educação, formação de talentos e ampliarmos a oferta de venture capital, incluindo pensar globalmente e não apenas no mercado interno.

Em um artigo, você fala em "comunicação onlife", um conceito que ainda não é tão utilizado. Do que se trata? Qual o impacto que traz à vida das pessoas?
No nosso entendimento na A2C é de que não podemos dissociar a comunicação on-line de outras mídias convencionais. Afinal, tudo é comunicação. Por isso, denominamos de onlife, essa integração fluida de meios e mensagens. O consumidor é sempre o consumidor, ele não diz “agora eu vou consumir uma comunicação on-line e, depois, outra off-line”. Ele simplesmente quer ser impactado com relevância e experiência. A comunicação onlife é centrada no cliente, ou seja, totalmente customer experience.

*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez, que promove uma missão ao evento.

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