Há crédito suficiente para startups, mas faltam talentos
Somente nos últimos dois anos, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) desembolsou cerca de R$ 500 milhões para projetos voltados à inovação e desenvolvimento de startups na região. Pelos cálculos de Daniel Leipnitz (foto), presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), pelo menos 80% do valor teve como destino Santa Catarina. Leipnitz acompanhou em 20 de fevereiro, em Lages (SC), um convênio assinado entre a entidade, o BRDE e o governo estadual que criou um fundo que vai facilitar o acesso ao crédito de micro, pequenas e médias empresas de caráter tecnológico. A simplificação do processo de crédito vai ser possível porque banco e associação vão dividir os riscos das operações, cabendo à Acate a análise sobre a viabilidade dos projetos interessados no financiamento. Foram disponibilizados, no total, R$ 50 milhões em crédito para startups que possuem projetos inovadores.
"Vi no ato do governador Carlos Moisés um símbolo de muito boa vontade. É algo que deve ser valorizado, pois o poder público tem sido rigoroso para tentar reduzir o déficit. Com a iniciativa do governo conseguimos trazer mais alguns milhões do Finep e do próprio BNDES, compondo um valor maior e que ajuda as startups catarinenses a progredirem", opina. Leipnitz também destaca que há um movimento para desenvolver de forma mais harmônica o setor de tecnologia em Santa Catarina, especialmente startups, especialmente fora do eixo da na Grande Florianópolis, do Vale do Itajaí e da região norte. Esses três centros empregam grande parte das mais de 51 mil pessoas que trabalham no segmento.
As molas propulsoras em direção ao interior serão os centros de inovação que ganharão forma nos próximos meses. "O setor de TI já até fazia parte da realidade econômica de Florianópolis, mas a cidade começou a acordar para a área de tecnologia quando foram criados os centros de inovação. Eles, inclusive, fizeram com que muitas mais pessoas empreendessem", recorda o presidente da Acate. Ainda em março Videira deve inaugurar seu centro de inovação. Cidades como Blumenau, Chapecó Itajaí, Criciúma e Tubarão também já foram contempladas com um empreendimento do gênero. Boas notícias à parte, a formação de profissionais para a área preocupa Leipnitz. "Esse é o principal desafio para o desenvolvimento do ecossistema como um todo: conseguir fazer com que as pessoas se interessem pela área de inovação e TI. O número oscila, mas hoje as empresas de base tecnológica possuem 3 mil vagas abertas em Santa Catarina", conta Leipnitz.
Novos polos de inovação
O presidente da Acate acredita que a região Sul tem chances de ter até dois novos polos de inovação dos cinco que o Ministério da Educação (MEC) credenciará. A expansão servirá para contribuir na formação de alunos de educação profissional e tecnológica e é fruto da parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). As instituições da rede federal vão poder apresentar propostas até 27 de março no site da Embrapii. O resultado do processo de seleção está previsto para 10 de julho. "As entidades do Sul são muito organizadas e tenho notado um movimento grande de adesão em Recife (PE), aqui em Santa Catarina, como também no Rio Grande do Sul", comenta Leipnitz. Ele acredita que há potencial para projetos que lidem com inteligência artificial.
As entidades selecionadas serão credenciadas para se tornar polos de inovação e poderão solicitar até R$ 3 milhões, ao longo de três anos, para prospectar e executar projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação em parceria com empresas industriais. "O desafio é possibilitar a interação entre empresas e instituições de pesquisa, com um modelo ágil e flexível", afirmou Jorge Guimarães, presidente da Embrapii, no ato de lançamento do edital.
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