Indústria gaúcha aposta em crescimento acima da média nacional em 2025
Apesar da enchente que atingiu o Rio Grande do Sul em maio de 2024, o ano finaliza positivamente para o estado. A avaliação é da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que apresentou na terça-feira (3) seu balanço e perspectivas para 2025. O avanço projetado para o PIB gaúcho em 2024 é de 4,1%, uma redução de 0,6% em relação à projeção inicial da entidade. Um dos fatores determinantes para o resultado foi a recuperação agrícola, impulsionada por uma safra de verão sólida e perspectivas positivas para o trigo na safra de inverno. "A recuperação está acontecendo e nos oferece a oportunidade de reconstruir o estado, não apenas como era antes, mas de uma forma ainda melhor. Mesmo com os impactos das enchentes, a agropecuária teve um desempenho impressionante, com taxas de crescimento entre 30% e 40% no ano", resume Giovani Baggio, economista-chefe da Fiergs.
O estado ainda registrou um superávit orçamentário de R$ 7,4 bilhões até outubro, impulsionado pela arrecadação tributária. Segundo Baggio, o ICMS teve alta de 7,6%, mesmo com os efeitos adversos das enchentes, compensando a queda nas receitas de capital. "Esperamos que a arrecadação de ICMS termine o ano na ordem de R$ 50,1 bilhões. Para 2025, projetamos uma arrecadação de R$ 53,2 bilhões", pontua. A população ocupada também cresceu no ano, bem como o rendimento médio real habitual dos trabalhadores. Apesar do dinamismo frente às enchentes, houve aumento significativo na informalidade, especialmente dentre os trabalhadores do setor privado. "Projetamos a criação de 46,6 mil empregos formais ao longo de 2024 e 40,1 mil empregos em 2025. A taxa de desemprego do estado deve terminar o ano de 2024 em 5,0% e em 2025 deve ficar em 5,3%", avalia Baggio.
As exportações da indústria de transformação somaram US$ 13,2 bilhões até outubro, uma retração de 5,9% ante 2023. A queda foi atribuída à redução no volume exportado e na demanda externa, especialmente para bens industriais. O segmento de alimentos liderou a retração, enquanto o tabaco foi destaque positivo. As importações da transformação caíram 4,1%, afetadas pela menor atividade industrial e problemas logísticos causados pelas enchentes. Para 2025, a expectativa é de que a balança comercial gaúcha termine o ano com saldo positivo de US$ 8,3 bilhões.
Perspectiva positiva para o próximo ano
"Estamos otimistas para o próximo ano, confiantes de que o Rio Grande do Sul terá um desempenho acima da média nacional. Temos motivos para acreditar que 2025 será um ano marcante para o estado. Nosso otimismo é baseado em fatos, dados e na boa safra e investimentos que virão", avalia Claudio Bier, presidente da Fiergs. Para 2025, a expectativa da federação para a economia gaúcha é de uma elevação robusta, com previsão de alta de 3,3% (ante 2,1% da média nacional) e aumento de 3,2% na produção industrial, sustentada em parte pela baixa base de comparação do ano anterior, mas também amparada pela retomada após a enchente e à boa safra colhida.
A agropecuária será novamente um pilar importante, com previsão de safra recorde de 38,3 milhões de toneladas (+3,3% em relação a 2024), impulsionada por condições climáticas mais favoráveis e melhora da produtividade. O setor de serviços também deverá apresentar bom desempenho, liderando a geração de empregos e contribuindo para a expansão da massa salarial e do consumo interno. "No entanto, para o longo prazo, são necessárias políticas eficazes de mitigação de riscos de novos eventos climáticos extremos e de reformas para o aumento da produtividade", alerta Baggio.
Outro fator positivo para o estado é a confiança em alta dos empresários. O índice de confiança do empresário industrial, por exemplo, cresceu mais de dois pontos na passagem de outubro para novembro: de 51,1 para 53,4. Com a confiança dos empresários em alta, cerca de dois terços deles se mostram dispostos a investir nos próximos seis meses no estado. "Apesar das incertezas nos cenários nacional e estadual, os empresários gaúchos estão otimistas. Eles confiam que suas empresas terão um desempenho positivo em 2025, o que reflete a resiliência do nosso setor privado. Esse otimismo é respaldado pela força da nossa indústria, que está se reerguendo, e pela confiança nas políticas locais que incentivam o crescimento, mesmo diante de desafios econômicos mais amplos", completa o economista-chefe.
Mesmo com as boas perspectivas, a Fiergs faz um alerta. A inflação acumulada teve uma alta de 4,8% em 12 meses até outubro, segundo o IPCA, acima da meta do Banco Central (BC). Além disso, as incertezas sobre a condução de uma política fiscal austera e o comprometimento da nova direção do BC, que assumirá em dezembro, elevam significativamente as expectativas de inflação, especialmente para 2026. Essa situação resultou na reversão do ciclo de cortes da taxa Selic, que deverá encerrar 2024 em 11,75% ao ano. Para 2025, espera-se que a inflação fique em 4,3%, enquanto a Selic deve atingir 13%.
A Fiergs foi a primeira das federações das indústrias do Sul a realizar sua coletiva sobre balanço do ano e perspectivas para 2025. A próxima será a Fiesc na terça-feira (10). Já em fevereiro a Fiep deve anunciar os resultados da 29ª Sondagem Industrial. Este ano, a pesquisa concentra-se nas perspectivas para 2025, direcionando o questionário para identificar intenções e planos futuros. O levantamento também cobre expectativas em empregabilidade, exportação, lançamentos de produtos, novas apostas no mercado e ajustes em processos produtivos.
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