Fiesc defende equilíbrio fiscal como basilar para volta da confiança empresarial

Mario Cezar de Aguiar apresentou as perspectivas da indústria catarinense para 2024
Ao responder uma das perguntas do Portal AMANHÃ sobre perspectivas sobre a aprovação da reforma tributária, Aguiar reiterou que projetos políticos não devem contaminar a política fiscal

O aumento do gasto público e a falta de um compromisso efetivo com o cumprimento da meta fiscal para 2024 preocupam a indústria catarinense, alertou o presidente da Federação das Indústrias (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar, durante coletiva de imprensa em que apresentou o balanço econômico anual da entidade, nesta quarta-feira (13). Ao responder uma das perguntas do Portal AMANHÃ sobre perspectivas sobre a aprovação da reforma tributária, Aguiar reiterou que projetos políticos não devem contaminar a política fiscal. "A condução da política fiscal não pode ser contaminada por interesses políticos. Isso gera um ambiente de incertezas que afeta a confiança do industrial e, por consequência os investimentos, sem os quais a economia não cresce", afirmou. No caso de Santa Catarina, o índice que mede a confiança está há praticamente um ano abaixo da linha dos 50 pontos —, o que indica falta de confiança do empresário.

Para a Fiesc, no cenário atual, é altamente improvável que o Brasil consiga cumprir a meta de déficit zero (equilíbrio entre receitas e despesas do governo). Isso se deve, em boa medida, por dois fatores principais na avaliação da entidade: o governo tem expectativa de arrecadação extra de R$ 168 bilhões, o que é muito difícil de se confirmar; e o PIB precisaria crescer cerca de 3% no ano que vem — e as projeções recentes do Banco Central indicam alta de 1,51%. Apesar das projeções indicarem a inflação dentro da meta (teto de 4,5%) para o ano que vem, o cenário de incertezas não permite avançar para uma redução mais significativa da taxa de juros brasileira, que deve fechar 2024 em 9,25%, o que é uma taxa real (descontada a inflação) ainda elevada.

Em sua apresentação, Aguiar destacou, ainda, que o aumento do déficit público e a elevação dos gastos podem, num primeiro momento, gerar uma percepção de melhora no ambiente econômico pela injeção de dinheiro no mercado. "Mas isso não se sustenta no longo prazo. O país precisa cortar gastos. É um remédio amargo, mas necessário. Trata-se de implantar uma mudança cultural, saindo de déficits para superávits consecutivos, que podem iniciar um círculo virtuoso na economia", declarou. A federação catarinense defende que o Estado precisa focar no ganho de eficiência. "Precisamos migrar das despesas para os investimentos. São eles que dão sustentabilidade à economia no médio e longo prazos e geram crescimento e desenvolvimento para o país", completou.

Aguiar também chamou a atenção para o cenário externo mais desafiador, por conta de questões geopolíticas e da provável manutenção dos juros elevados nos Estados Unidos e na Europa — condição que tende a começar a mudar só a partir do segundo trimestre de 2024. Juros elevados em economias como a norte-americana desestimulam a entrada de investimentos para as emergentes, como o Brasil. Aguiar também opinou sobre o plano de neoindustrialização em curso no governo federal. O termo vem sendo cunhado por Geraldo Alckmin e pelo presidente Lula para reforçar a prioridade do Planalto em fortalecer a indústria nacional em novas bases — com inovação, sustentabilidade e responsabilidade social. "O plano está muito bem embasado, mas é necessária toda uma mudança de cultura e, também, um ambiente favorável", destacou. 

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Quinta, 21 Novembro 2024

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