Confiança do comerciante cai pela primeira vez desde junho
Após três altas expressivas, a confiança do comerciante brasileiro diminuiu em setembro. É o que aponta o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a pesquisa, a leve queda de 0,4% registrada no mês fez com que o indicador batesse 119,3 pontos, mantendo-se na zona de satisfação, acima dos 100 pontos, pela terceira vez consecutiva no ano.
A redução do índice ocorreu depois de ter acumulado, desde junho, uma expansão de 30,7%. Na comparação com igual período do ano anterior, o Icec contou com um aumento de 30,2%, apresentando um padrão de confiança acima do de 2020, primeiro ano da pandemia.
Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, os dados reforçam a ideia de que a crise recessiva está, aos poucos, ficando para trás e influenciando menos a confiança empresarial. No entanto, ele alerta que ainda há muitos desafios para serem enfrentados até a economia brasileira retomar níveis mais altos de crescimento.
"A queda da confiança empresarial pode estar associada à pressão sobre os custos advinda da alta dos combustíveis e do aumento da tarifa de energia elétrica, por conta da crise hídrica, além de refletir as expectativas com relação aos efeitos da inflação sobre o consumo", aponta Tadros.
Em setembro, todos os componentes do Icec sofreram reduções, algo que ocorreu pela última vez em abril deste ano, quando o índice encolheu 6,4%. Contudo, o indicador que avalia as expectativas do empresário, apesar da queda de 0,9%, permaneceu dentro da região de satisfação, com 153,9 pontos.
Assim como o que avalia as intenções de investimentos que, mesmo caindo 0,7%, registrou 104,2. O único subíndice na região de insatisfação foi o que analisa as condições atuais do empresário, que chegou a 99,7 pontos (queda de 0,3%).
Cenário não deve representar uma tendência
A economista da CNC, Izis Ferreira, observa que, devido ao avanço da vacinação, desta vez a queda nos números não esteve relacionada à evolução de uma nova onda da Covid-19.
"Pode estar associada a uma relativa acomodação empresarial causada pelo crescimento anterior. Fatores como inflação, desemprego e possibilidade de aumento dos juros também podem ter contribuído para a deterioração das expectativas em geral", avalia Izis.
Ainda assim, a economista acredita que o cenário não deve configurar tendência, devido à aproximação do Dia das Crianças, data relevante para o varejo brasileiro que deve ajudar a equilibrar a desconfiança evidenciada nesse mês.
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