Agenda econômica tem potencial disruptivo, afirma economista do Bradesco
A agenda econômica do Brasil tem potencial disruptivo e três fatores são crucias nesse processo: o teto de gastos, com a aprovacão da reforma da previdência como eixo central; a simplificação do ambiente, especialmente o tributário, medida que coloca o país numa posição mais favorável no ambiente mundial de negócios, além da abertura comercial. A avaliação é do economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa (foto), que destacou as perspectivas econômicas em reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), nesta sexta-feira (22), em Florianópolis.
“São aspectos frontalmente cruciais. O ambiente vai mudar e temos que estar preparados. São três agendas básicas transformacionais. O papel do teto dos gastos é reduzir o tamanho do Estado na economia e isso tem como principal consequência trazer protagonismo ao setor privado. O governo diminuindo de tamanho, necessariamente, traz o setor privado para o jogo. A segunda agenda é a simplificação do ambiente de negócios e isso inclui a reforma tributária para colocar o Brasil entre as 50 melhores economias para fazer negócio nos próximos quatro anos”, explicou, lembrando que hoje o país ocupa a posição 129. Segundo Fernando, nesse novo modelo a ideia é tributar menos a produção e o consumo e mais a renda. “É assim que os países desenvolvidos funcionam”, resumiu, salientando que neste momento não dá para pensar em reforma tributária que reduza a carga. “Mas é uma reforma que tem um potencial enorme de destravar negócios no Brasil”, acredita Barbosa.
“Em relação à abertura comercial, é uma agenda que tem potencial para destravar a produtividade. Como vai ser feito importa. Minha impressão é que essa equipe econômica tem plena consciência do desafio. Primeiro você garante sua anuência fiscal, com a reforma da previdência, depois você melhora a competitividade das empresas através da reforma do ambiente de negócios e depois você faz a abertura. Esse é o sequenciamento que temos em mente. Se isso acontecer, tem potencial enorme de transformação”, destacou.
“Por parte do Brasil precisamos expor mais a economia à concorrência internacional. Mas não a faremos maneira açodada, irresponsável e abrupta. Vamos fazer o diálogo com a sociedade e os empresários de forma ampla, progressiva e coordenada com outras frentes da política econômica”, afirmou o secretário de comércio exterior e assuntos internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. Ele também participou da reunião na capital catarinense. Troyjo salientou que o governo tem lições de casa para executar, como a reforma da previdência, a tributária, privatizações, concessões, a reforma administrativa e a inserção da economia. “Não faz sentido fazer redução abrupta das tarifas de importação se você não consegue mexer na simplificação e desburocratização da empresa exportadora e importadora. Não faz sentido expor simplesmente o setor a uma maior competição internacional se não diminuir sua carga de tributos”, explicou.
Conforme o secretário, a abertura vai significar, de certa forma, reestruturar também o Mercosul. “É preciso rever algumas coisas no Mercosul até no sentido de deixá-lo mais rápido e eficiente. Quase nem cumprimos a fase de livre comércio e fomos direto à união aduaneira”, disse ele, ressaltando que é um tema em análise em que se avalia ser uma união aduaneira, mas com tarifas mais baixas e próximas da média mundial. Ele também observou que mudanças podem tornar o bloco mais atrativo para receber projetos de infraestrutura, por exemplo, que sejam de interesse dos países. “Se quiser atrair capital internacional precisa que os sócios se deem as mãos”, afirmou. Ele também lembrou que os Estados Unidos não estão em declínio, mas em transformação. “Isso vai nos impactar como problema ou oportunidade”, disse, chamando a atenção para a migração da ênfase da economia mundial do atlântico para o pacífico, capitaneada pela China, mas com participação importante da Índia. Inclusive, ele acredita que o crescimento do PIB e da renda indiana abre oportunidade para o Brasil ampliar o fornecimento de alimentos.
“Caso o PIB brasileiro cresça, nos preocupa se teremos energia e infraestrutura de transporte suficiente para suportar um crescimento de 2% a 3%”, ressaltou Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc, lembrando que a redução do tamanho do estado também é outro desafio. Aguiar declarou que a inserção comercial brasileira com diálogo e ouvindo o setor produtivo tranquiliza Santa Catarina. “Temos um estado que tem uma participação importante na corrente de comércio internacional. A China é o principal cliente dos produtos catarinenses e em segundo lugar temos os Estados Unidos”, afirmou, lembrando que o estado é destaque na agroindústria nacional.
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