Varejo fecha primeiro semestre com alta de 1,4%

Vendas caíram 1,4% em junho, segundo mês seguido no campo negativo
Uma das maiores influências sobre o resultado de junho foi a queda de 0,5% no setor de supermercados

No fechamento do primeiro semestre, o varejo acumulou alta de 1,4%, após queda de 3% no segundo semestre do ano passado. Seis atividades acompanharam o crescimento. Entre elas, as maiores variações foram registradas por livros, jornais, revistas e papelaria (18,4%), tecidos, vestuário e calçados (17,2%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (8,4%). Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (10) pelo IBGE. Ainda no primeiro semestre deste ano, apenas duas atividades tiveram queda: móveis e eletrodomésticos (-9,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,8%). Quando considerado o comércio varejista ampliado, o segmento de veículos e motos, partes e peças avançou 0,4%, enquanto o setor de material de construção recuou 7,3%.

As vendas no comércio varejista no país recuaram 1,4% na passagem de maio para junho. É a segunda variação negativa consecutiva do setor, que acumula retração de 0,8% em dois meses, na comparação com o bimestre anterior. O resultado de junho traz a maior variação negativa para o comércio desde dezembro do ano passado, quando a queda foi de 2,9%. No primeiro semestre do ano, há uma alta acumulada de 1,4% frente ao mesmo período de 2021, e, nos últimos 12 meses, perda de 0,9%. Nesse último indicador, também é o segundo mês consecutivo no campo negativo, o que não acontecia desde agosto de 2017. A retração na comparação com maio foi disseminada por sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior influência sobre o índice geral do varejo: tecidos, vestuário e calçados, com queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que recuou 0,5% no período.

"A atividade de hiper e supermercados teve uma influência importante da inflação ao longo do primeiro semestre do ano. Entre abril e maio, houve variação de 4% na receita e de 1% no volume de vendas, indicador em que a pesquisa já desconta a inflação. De maio para junho, essa atividade teve queda de 0,5% no volume, mas variou 0,3% em receita. Isso significa que há amplitude menor da inflação, mas o suficiente para que o volume tivesse uma variação negativa, apesar de a receita ficar no campo positivo", explica o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

O pesquisador também destaca o recuo do setor de tecidos, vestuário e calçados, que ainda segue 9,9% abaixo do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020. "Essa atividade teve uma queda intensa na passagem de maio para junho. Ao longo do ano, houve altas ligadas a uma nova estratégia adotada por essas empresas de também se lançar no comércio eletrônico, de fazer vendas virtuais de forma mais forte do que se fazia antigamente, já que, nesse setor, experimentar um produto antes de comprar é muito importante", complementa o pesquisador.

A única atividade que cresceu frente ao mês anterior foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,3%). "Nesse segmento, o aumento é ligado aos artigos farmacêuticos e reflete a alta nos preços dos medicamentos. Esse é um tipo de produto que, na maioria das vezes, você não consegue substituir. Isso aumenta o dispêndio de uma família que pode ter que gastar nessa atividade e diminuir o consumo em outras", analisa Santos. No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, veículos e materiais de construção, a retração no período foi de 2,3%. Tanto o setor de veículos e motos, partes e peças (-4,1%) quanto o de material de construção (-1%) recuaram.

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