Produtividade na indústria cresce mais uma vez, mas produção desacelera

Segundo a CNI, o cenário é influenciado por fatores como as altas taxas de juros
O principal problema para recuperação da produção é a demanda interna insuficiente

A produtividade do trabalho na indústria de transformação está crescendo, mas em um contexto de desaceleração da produção industrial. Os dados são da pesquisa Produtividade na Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador – calculado a partir do volume produzido dividido pelas horas trabalhadas na produção – cresceu 0,7% no terceiro trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior, na série livre de efeitos sazonais. De acordo com o levantamento, esse resultado é reflexo de uma estagnação no volume produzido (variação de 0,1%) e de uma queda de 0,6% nas horas trabalhadas. Este é o segundo trimestre consecutivo de crescimento do indicador, após variar nos últimos cinco trimestres.

Ainda que o indicador tenha registrado alta de 1,3% no acumulado dos últimos dois trimestres, o resultado compensa uma parte pequena da queda acumulada de 10,6% entre o terceiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2023. A produtividade ainda está muito abaixo dos maiores níveis do quarto trimestre de 2017, do quarto trimestre de 2019 e do terceiro trimestre de 2020. Desta forma, o indicador volta aos níveis próximos aos de 2015.

A gerente de política industrial da CNI, Samantha Cunha, ressalta que o principal problema para recuperação da produção, apontado por empresários em sondagem recente realizada pela entidade, é a demanda interna insuficiente – e um fator que contribui para esse cenário são as taxas de juros elevadas. "Essas altas taxas de juros limitam a recuperação da atividade econômica, e um dos reflexos observados é sobre a taxa de investimento da economia, que deve recuar em 2023. Portanto, o cenário para o crescimento sustentado da produtividade está ameaçado. Esse crescimento depende de fatores como a modernização produtiva, o uso de tecnologias avançadas, os investimentos em capacitação de profissionais", afirma Samantha.

Mesmo se continuar crescendo no quarto trimestre deste ano, a produtividade da indústria de transformação brasileira deve fechar o ano com uma queda em torno de 0,5%. Caso o cenário se concretize, a queda do indicador anual seria igual à registrada em 2020. Assim, este deve ser o quarto ano seguido de queda do indicador, mas com perda menor do que as registradas em 2021 (-4,7%) e 2022 (-3%).

Veja mais notícias sobre BrasilEconomiaIndústria.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 22 Novembro 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/