Forbes e The Economist: impeachment é má ideia

Em matérias desta semana, as revistas internacionais The Economist e Forbes destacaram porque, apesar das pesquisas mostrando que querem ver "Dilma pelas costas", o impeachment da presidente é uma má ideia. A Forbes defendeu em a...

Em matérias desta semana, as revistas internacionais The Economist e Forbes destacaram porque, apesar das pesquisas mostrando que querem ver "Dilma pelas costas", o impeachment da presidente é uma má ideia. A Forbes defendeu em artigo que seria um erro pedir o impeachment, uma vez que "não resolveria os problemas do país". Em primeiro lugar, se Dilma sair, o vice-presidente Michel Temer assumirá o poder. Ele é do PMDB que, segundo a revista, apesar de ser um dos maiores partidos do Brasil, não é conhecido por suas habilidades de liderança. Sua força vem de sua própria dimensão, nada além disso. Soma-se a isso o fato de muitos partidários estarem sofrendo acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Lava Jato, incluindo os presidentes da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros.

Outra razão é o ministro das Finanças Joaquim Levy. Ele é a "graça salvadora do novo governo Dilma", afirma a revista. "Um ex-secretário do Tesouro e banqueiro de investimento, Levy deu a empresas e a investidores brasileiros alguma razão para acreditar que ele e Dilma podem tapar os buracos donavio", afirma a Forbes. "Levy é o homem do Lula. Se Dilma for, meu palpite é que Levy se demite", aposta a publicação. A Forbes ainda destacou que se Dilma for cassada e Levy renunciar, o Brasil perderá seu cobiçado status de grau de investimento, o que pode ser um grande golpe para a confiança dos investidores.

Além disso, pode haver uma pressão ainda maior caso "o PT seja empurrado contra a parede", o que deve levar a um grande impasse para o país nos próximos três anos, inclusive com reação dos sindicatos. "Eles já fazem isso. Mas eles vão fazer isso mais, por ordem do PT". E ressalta que, para alguns rivais do PSDB, o rompimento da aliança PT-PMDB "pode ser realmente maravilhosa", mas com um preço alto, já que os tucanos herdariam uma crise de liderança que demorará mais de três anos. "O escândalo da Petrobras tem de ser resolvido. A justiça deve prevalecer. Se Dilma infringiu a lei, o Congresso terá de lidar com a possibilidade de um cenário de pesadelo”, argumenta a revista, reiterando que o impeachment resolverá esses problemas.

The Economist
Já a The Economist ressalta que exigir a saída de Dilma é exagero emocional, uma vez que a legislação prevê que o impeachment somente pode ser pedido caso atos criminais forem cometidos durante o mandato da presidência da República. A procuradoria não encontrou provas para implicar Dilma no escândalo de corrupção. "E, apesar de muitos políticos brasileiros acharem que a presidente é dogmática ou incompetente, ninguém acredita seriamente que ela promoveu enriquecimento próprio, o que contrastaria com o ex-presidente Fernando Collor”, advoga a publicação.

A revista ressalta ainda que o impeachment é tanto um cálculo político quando legal e que, no final, Collor caiu por causa de sua arrogância e por ter falhado falhou na sua relação com o Congresso. "Este precedente explica a razão pela qual Dilma está ameaçada por seu isolamento político. No entanto, a oposição e os aliados descontentes não devem tentar fazer com que ela saia do poder, a menos que uma clara evidência de prática criminosa venha à luz", afirma a The Economist. A revista conclui destacando que as instituições brasileiras estão trabalhando para detectar e punir os crimes que foram cometidos, enquanto que um impeachment poderia se transformar em uma caça às bruxas que enfraqueceria as instituições, politizando-as. "Dilma e o PT deveriam assumir a responsabilidade pela confusão que ela fez durante seu primeiro mandato, ao invés de se tornarem mártires do impeachment. Os brasileiros estão pagando por seus erros, também. Mas por ter Dilma no comando, eles são mais propensos a entender que suas velhas políticas são as culpadas, e não as novas. Esta é uma lição importante", recorda a publicação.

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Quinta, 21 Novembro 2024

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