Três setores têm quase metade da receita em 500 MAIORES DO SUL
Um olhar atento nas duas tabelas ao final desta reportagem revela quais foram os setores que, em 2020, apresentaram vultosas receitas – e lucros idem. O já forte agronegócio do Sul mostra sua musculatura com as 32 cooperativas de produção presentes no ranking. Juntas, elas venderam R$ 125,8 bilhões em 2020, um valor 54,9% maior do que fizeram no exercício de 2019. Nesta edição, são seis cooperativas a mais do que no ranking anterior, fator que contribuiu para o alcance da maior receita líquida entre todos os segmentos presentes em 500 MAIORES DO SUL, ranking exclusivo publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC.
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Entre elas estão as catarinenses Copercampos e Copérdia, além das gaúchas Cotrijal, Cotripal, Cotrijuc e a Cotribá, de Ibirubá, a cooperativa mais antiga do Brasil, com 110 anos de existência. A Cotribá tem mais de 8 mil associados, muitos dos quais micro e pequenos, atua em 24 municípios gaúchos e faturou R$ 1,5 bilhão no ano passado. Porém, o cooperativismo da região não se destacou pela capacidade de produzir lucros. Tanto é assim que as cooperativas obtiveram apenas uma margem de 4,4%, índice que as deixam entre os últimos lugares nesse quesito, de acordo com a análise feita pela PwC.
Com 34 representantes, o setor de Alimentos e Bebidas foi o segundo que mais faturou, totalizando R$ 112,7 bilhões, um avanço de 21%. Além de ter a Bunge e a BRF, a líder e a vice do ranking geral, o segmento é um campeão recorrente de vendas em 500 MAIORES DO SUL. No entanto, o mesmo mal que aflige o pujante cooperativismo também respinga no setor de alimentos, ainda que a margem seja quase o dobro (8,5%) das cooperativas.
O comércio – que sofreu reveses com o fechamento de lojas para conter a disseminação do coronavírus – tem a terceira maior soma de receitas, com R$ 85,4 bilhões. O varejo apresentou rentabilidade de 5,6% em 500 MAIORES DO SUL. Esses três setores, somados, venderam R$ 323,9 bilhões em 2020, quase metade (43,9%) da receita das 500 MAIORES DO SUL no período. Um setor que está bem posicionado tanto em vendas como em rentabilidade é Energia, o quarto que mais fatura e o terceiro com maior lucratividade (23,5% da receita).
Quando, aliás, a lupa recai sobre os setores campeões em rentabilidade, a receita com vendas não se mostra tão exuberante. O setor de Madeira e Cultivo Florestal, líder em rentabilidade (nada menos que 41,7%), é um exemplo nítido disso. Companhias que lidam com florestas plantadas realizam, de tempos em tempos, operações de reavaliação de ativos biológicos – e essa manobra provoca saltos artificiais em seus balanços patrimoniais. Ativos biológicos são nada mais que as florestas propriamente ditas – de eucaliptos, pinus, etc. Quando essas florestas são plantadas, elas têm um determinado valor. Depois que se desenvolvem, porém, passam a valer muito mais – daí as reavaliações.
O valor acrescido impacta as colunas de receita líquida e lucro líquido, ambos decorrentes da comercialização desses ativos. É o caso da Brochmann Pollis, de Curitibanos (SC), cujo lucro (R$ 80,7 milhões) ficou quase igual a sua receita (R$ 94,6 milhões). Papel e Celulose desponta como um segmento com grande margem de lucro – nada menos que 30%. Mas neste caso não se trata de uma questão contábil, e sim de conjuntura. A produção brasileira de celulose atingiu cerca de 21 milhões de toneladas em 2020, o segundo maior volume da história, conforme dados da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), que reúne os produtores de celulose, papel, painéis e pisos de madeira e florestas no país. Conforme a Ibá, a China permanece principal destino da celulose produzida no Brasil, com importações de US$ 2,9 bilhões em 2020, queda de 11,7% na comparação com 2019, explicada pelo recuo dos preços da matéria-prima. A América Latina foi o maior mercado de exportação de painéis de madeira, com US$ 142 milhões no ano.
O setor se organizou rapidamente para enfrentar a pandemia e manteve as operações em segurança. "Papeis para higiene e papel cartão para embalagem também cresceram. O mesmo movimento se deu em painéis de madeira, que, com o aumento de adesão do modelo home office, passou a ser item desejado para um espaço confortável e adequado para o trabalho remoto", avalia Paulo Hartung, presidente-executivo da entidade.
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Comentários: 1
Quando do Agro supera a indústria, alguma coisa não vai bem. Santa Catarina com sua indústria naval de qualidade e Rio Grande do Sul com o maior estaleiro do hemisfério sul estão sem produzir. Isso é um mau sinal.