Em breve seremos um grande Uruguai

A China continua avançando rápido sobre o Brasil, buscando posicionar-se nas áreas estratégicas para ela (alimentos, energia, telecomunicações, logística), e crescer com parcerias locais em segmentos nos quais o mercado brasileiro pode continuar entr...
Em breve seremos um grande Uruguai

A China continua avançando rápido sobre o Brasil, buscando posicionar-se nas áreas estratégicas para ela (alimentos, energia, telecomunicações, logística), e crescer com parcerias locais em segmentos nos quais o mercado brasileiro pode continuar entre os maiores do mundo, como o de automóveis – a associação entre a CAOA e a Chevry, anunciado no final de novembro, é o seu mais significativo exemplo.

Evidentemente, temos de aproveitar as oportunidades que nos apresentam, enquanto empresas, mas parar para pensar, enquanto sociedade, porque continuam aumentando as compras chinesas de matérias-primas e alimentos, e as brasileiras de produtos cada vez com mais tecnologia embarcada. E há cada vez mais produtos “Made in China” em lojas de todo tipo (em algumas, o que não é chinês é produzido em outro país da Ásia) em todas as cidades brasileiras. Enquanto sociedade, nesse ritmo em breve seremos um grande Uruguai – onde hoje até os tradicionais produtos de lã e couro, à venda em lojas em cidades do interior do país, já disputam espaço para artigos chineses.

Por ter demandas gigantescas e muito capital, a China se vê na obrigação permanente de obter fornecedores de matérias-primas e produtos parcialmente elaborados, que lhes permita sempre agregar algo, gerando empregos, renda e impostos em seu território. Essa lógica resulta na situação dramática na qual continuam o Brasil e todos os demais países da região, na relação comercial com a China: segundo estudo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), 70% das exportações regionais para a China são produtos primários, enquanto para o restante do mundo são 34%. O contrário é verdadeiro: 91% das importações da China são produtos manufaturados de baixa, média e alta tecnologia – muito mais do que os 72% do restante do mundo. 

A expectativa da Cepal para as exportações da América Latina para a China em 2017 é de um crescimento de 23%, mais do que o dobro alcançado por qualquer outra região. Ou seja, a condição de exportadora majoritária de recursos naturais, liderada pelo Brasil, continua firme e forte. Nesse contexto, a crise da economia brasileira representa para as empresas e governos da China a tradicional situação de “risco e oportunidade” – mais esta que aquele. A crise brasileira é a famosa “crise boa” para chineses, pois é passageira e, principalmente, por ofertar empresas na condição de “bacia das almas”. 

Em 2018, aumentarão as notícias de negócios chineses no Brasil, de associações de empresas com cooperativas dos Estados do Sul, visando a produção e exportação de alimentos, até investimentos de vulto na indústria pesada e em logística. Quando a situação brasileira melhorar, essas empresas chinesas já terão conseguido se posicionar na dianteira do processo.

Tomara que essa movimentação chinesa anime mais empresas e governos do Brasil a fazerem o caminho inverso: ir para a China participar com estande nas centenas de feiras que ocorrem no país a partir de março, principalmente em Beijing, Shanghai, Yiwu, Guangzhou, Shenzen e Hong Kong. 

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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