Um negócio movido pela inspiração

Quem aí pensa em crescer três vezes neste ano em orçamento, número de clientes e de investidores? Pois essa é a meta para 2016 da Asid Brasil – Ação Social para Igualdade das Diferenças -, ONG criada há cinco anos por um grupo de estudantes de Admini...

Quem aí pensa em crescer três vezes neste ano em orçamento, número de clientes e de investidores? Pois essa é a meta para 2016 da Asid Brasil – Ação Social para Igualdade das Diferenças -, ONG criada há cinco anos por um grupo de estudantes de Administração da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O trabalho de fornecer consultoria gratuita em gestão para instituições filantrópicas está abrindo as portas do futuro em uma área que sempre viveu de migalhas: a educação especial.

A missão é objetiva: ajudar instituições especializadas na educação de pessoas deficientes a sair do improviso na gestão, aprender a buscar recursos e aumentar o número de vagas para quem precisa. A Asid abre o ano atendendo 74 escolas e outros centros – a maioria no Paraná, e algumas nos estados de Alagoas e Santa Catarina. Ela reúne 60 investidores sociais, entre empresas de variados portes e pessoas físicas e administra R$ 1,5 milhão de orçamento anual.

O que era um trabalho de conclusão de curso na graduação virou empreendedorismo social. E os resultados aparecem de várias maneiras. Aplicando a metodologia de diagnóstico de carências e treinamento para supri-las – principalmente em gestão financeira, marketing e formação de líderes –, a Asid ajudou a criar o primeiro centro gratuito de atendimento de pessoas com autismo em Curitiba. Onde não havia nada – a não ser mediante pagamento – hoje há 60 pessoas acolhidas. E esse é apenas um exemplo. Quem quiser, pode visitar o site e conhecer inúmeras histórias vencedoras.

Os primeiros tempos foram duros para os recém formados Luiz Hamilton Ribas, Diego Tutumi e Alexandre Amorim (na foto, da esquerda para a direita). Deixaram os empregos, enfrentaram a desconfiança de amigos e familiares, lavaram pratos e distribuíram panfletos. Durante 16 meses, sem renda e com muita teimosia, investiram no sonho. Foram 88 visitas a empresas até assinar a primeira parceria com a Unimed Curitiba, que doou R$ 3 mil para um projeto. Desde então, a Asid construiu uma reputação sólida e nem a crise consegue abalar os planos do trio e de seus 22 funcionários celetistas. O reconhecimento veio também na forma de prêmios como o Empreendedor Social do Futuro 2013 e o Jovens Inspiradores 2014, da revista VEJA, que rendeu a Alexandre três semanas de curso em Harvard, Stanford e Insead.  “A gente estuda tanto administração e economia para aplicar em empresas, porque não pensar em instituições que precisam melhorar a gestão para atender um número maior de pessoas?”, indaga o diretor de 26 anos, que foi inspirado pelas dificuldades de sua família ao buscar educação especializada para a irmã Laura.

A resposta estava na própria estrutura existente no Brasil, onde 3,5 mil escolas e centros de atendimento filantrópicos se desdobram para acolher 300 mil pessoas com deficiência de todas as faixas etárias e renda familiar média de dois salários mínimos. “Essas instituições não conseguem atender a todos que as procuram e contam com uma fila de espera de dezenas de milhares de famílias carentes”, explica. O financiamento da ONG, que já prospectou investidores para abrir escritórios em São Paulo e Santa Catarina, ocorre basicamente de duas formas: as empresas aplicam dinheiro em projetos específicos e também mobilizam seus empregados em ações de voluntariado nas entidades beneficiadas.

Os resultados da consultoria, explica Alexandre, começam a aparecer no primeiro ano no que diz respeito a conhecimentos técnicos de gestão, mas a principal consequência esperada, que é a redução da fila de espera, costuma demorar até três anos. A própria Asid busca consultoria permanente para avançar, por meio de mentorias e de um conselho estratégico formado por oito pessoas com grande experiência em áreas relevantes. Entre elas, estão Marcio Rabelo, da Fundação Dom Cabral, e Sofia Esteves, fundadora da Cia. de Talentos.

Inclusão na Uninter
Uma psicóloga com deficiência auditiva foi contratada há cinco meses para reforçar o Programa de Inclusão Social do grupo educacional Uninter. Ela acompanha o trabalho dos empregados que atuam em áreas como telemarketing, financeiro, pesquisa e gestão de pessoas, assim como assessora os gestores e equipes. Em 2015, a Uninter iniciou um trabalho de capacitação em parceria com a Universidade Livre para a Eficiência Humana (Unilehu), a fim de ampliar o número de contratações e sensibilizar o quadro funcional para a chegada dos colegas. Em Curitiba, há cerca de 360 mil pessoas com deficiência e 18 mil empresas que precisam cumprir a cota legal de contratação, que varia de 2 a 5% para quem tem mais de 100 empregados.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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