Santa Casa lança seu Programa de Inovação em Saúde
A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (foto) anunciou nesta terça-feira (11) a estruturação de seu Programa de Inovação em Saúde, em parceria com a techtools ventures, firma de investimentos que opera como venture builder para a criação de empresas globais com alto potencial de retorno financeiro e social. Com o objetivo de ser referência em soluções para a saúde pública e privada, o programa será estruturado em três níveis e tem como objetivo reduzir o impacto causado pelos atendimentos ao Sistema Único de Saúde (SUS) na instituição, gerando mais capacidade de investimento pela Santa Casa. Somente no ano passado, o hospital investiu R$ 145 milhões no SUS, tornando-se o maior financiador do Sistema no país. A inovação se dará por áreas de expertise da saúde e também no viés de transformação digital, incluindo tecnologia e pessoas. Em 215 anos de existência, esse é o primeiro grande passo da Santa Casa rumo à inovação em saúde.
De forma estruturada, o programa contempla as várias fases de maturidade das empresas inovadoras. Para Jader Pires, diretor administrativo da Santa Casa, trazer mais inovação ao mais tradicional hospital do Rio Grande do Sul é um desafio que precisa acontecer neste momento para garantir segurança na medicina nos próximos anos. “No último ano realizamos, com humanismo e excelência profissional, mais de 880 mil consultas, 60 mil procedimentos cirúrgicos e mais de seis milhões de serviços auxiliares de diagnóstico e tratamentos. Dentre esses indicadores, 66% dos pacientes foram provenientes do SUS impactando em um déficit de R$ 145 milhões para a instituição. Iremos rever todos os nossos processos e tecnologias a fim de assegurarmos níveis de qualidade ainda maiores em um dos mais modernos complexos hospitalares do país – e com sustentabilidade”, conta Pires.
O acordo de cooperação mútua firmado pela Provedoria e desenhado por especialistas de inovação da techtools ventures em 60 dias, já contempla o estabelecimento de um Comitê Executivo de Inovação com cinco integrantes para garantir a governança. A atuação em conjunto possibilitará abrir ao mercado a captação de recursos para investimentos em inovações. “Para o primeiro ano, a meta será captar R$ 30 milhões em projetos para a saúde. Com isso, o Centro de Inovação da Santa Casa reforça sua liderança em inovações em saúde que serão aplicadas em neste complexo hospitalar. No futuro, esperamos que estas inovações sejam expandidas para todas as Santas Casas do país, que possuem gestões independentes, bem como aos mercados brasileiro e mundial", adianta Pires, ao anunciar o programa com exclusividade ao Portal AMANHÃ.
Para a estruturação do programa, a atuação da techtools terá um papel fundamental no compartilhamento de metodologia e expansão de alianças estratégicas, relações com as indústrias e captação de recursos. “Ao unir o ecossistema de saúde da Santa Casa com as mais de 100 conexões da techtools no Brasil e no mundo, como os centros de transferência de tecnologia (Technology Transfer Offices – TTOs), parques tecnológicos, incubadoras e aceleradoras, empresas e governos; teremos a chance de aplicar a metodologia no Rio Grande do Sul e estar conectados com o que existe de mais inovador no mundo. Seremos pioneiros em usufruir estas novas tecnologias aqui”, afirma Julio Matos, diretor geral da Santa Casa. Estruturado em duas fases, o programa da Santa Casa fomentará a inovação em saúde após uma análise estratégica que definirá as áreas-chave em todo o complexo que é composto por nove hospitais. “A Santa Casa de Porto Alegre já é referência em clínica médica, cirurgia geral, cardiologia, neurocirurgia, pneumologia, oncologia, pediatria e transplantes. Com base na análise de 198 áreas de atendimento, para 42 delas, serão sugeridos os critérios do Programa de Inovação a ser lançado no primeiro trimestre de 2019”, complementa Jefferson Plentz, presidente da techtools ventures.
A meta é captar R$ 100 milhões em três anos, acelerando mais de uma centena de startups nacionais e internacionais e investindo em aproximadamente 20 dessas empresas. O programa contemplará startups em diferentes estágios de maturidade. Serão selecionados 20 projetos em estágio inicial (Criação de Inovação), por ciclo de quatro meses, que receberão investimentos entre R$ 50 mil a R$ 200 mil. Essas startups poderão contar com a infraestrutura física do novo Centro de Inovação da Santa Casa de Porto Alegre, que será inaugurado no início do próximo ano, com 70 posições de trabalho, ambientes para simulação realística, FabLab e outras tecnologias disponíveis. Nos níveis pré-operacional (construção) e operacional (aplicação), serão selecionadas 10 startups em cada um deles, para receberem investimentos ao longo de três anos.
Em breve, a Santa Casa e a techtools ventures deverão realizar o chamamento público do programa em polos na Bélgica e Vale do Silício – onde a firma de investimentos já opera; além de alianças com governos de outros países como Finlândia e Israel que já têm proximidade com a techtools e centros de inovação para heathtech brasileiros como Eretzbio, Cubo, InovaBra e Tecnopuc. Para Pires, o começo de 2019 será um divisor de águas. “Ao iniciar nosso primeiro ciclo de inovação, o hospital elevará seu status de usuário de tecnologia para fomentador de inovação, passando a propor inovações ao invés de atuar somente na sua adoção. Nosso principal objetivo é aumentar a eficiência dos profissionais de saúde com o uso de tecnologias voltadas ao empoderamento deles”, sustenta Pires.
Plentz complementa afirmando que o desafio de inverter a curva de tendências de gastos de saúde pública no país só será possível com a cooperação e colaboração de todo o ecossistema. “Queremos unir todos os envolvidos no mercado de healthtechs e propor iniciativas conjuntas, seja com Corporate Ventures ou principais iniciativas privadas e de governos. Saúde foi uma das três principais áreas que receberam mais investimentos entre 2016 e 2017 na América Latina e apenas 5% dos investimentos do mundo hoje são realizados em Venture Capital. Porém, esses aportes já respondem por mais de 60% do retorno financeiro obtido pelos investidores”, afirma Plentz.
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