Indústria do Sul debate crescimento nacional
A certeza de que o Brasil precisa passar por ajustes para que reencontre o caminho do crescimento marcou o primeiro dia do 10º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), aberto nesta quarta-feira (11), em Brasília. Com o tema “Brasil: ajuste e correção de rota”, o evento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) reúne 2 mil pessoas, entre líderes empresariais, executivos de sindicatos e entidades industriais, além de representantes do governo federal e do Congresso Nacional.
Em debate com o ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte, citou o primeiro-ministro da Índia, Shri Narendra Modi, para defender menos governo e mais governança. No painel, realizado durante o Encontro Nacional da Indústria (ENAI), Côrte destacou que no caso brasileiro há hoje a conjunção de alguns fatores que tornam a crise mais séria. “Poderíamos falar de uma crise econômica, política e ética. Talvez estejamos nos aproximando de uma crise social em face do aumento acelerado do desemprego. Acho que também uma crise de governança. Está se acentuando uma paralisia no país”, declarou.
Côrte questionou Meirelles sobre como estabelecer um processo de correção e ajuste recolocando a indústria no centro da estratégia de desenvolvimento do Brasil. Meirelles disse que a resposta é a mesma que foi dada pelo primeiro-ministro da Índia: menos governo, mais governança. “Isto é, dando mais condições para a inciativa privada crescer, se desenvolver”, afirmou. Em sua apresentação, Meirelles destacou que é necessário enfrentar não só a agenda de curto prazo, mas os problemas estruturais do país. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, defendeu o ajuste fiscal no curto prazo, para que o Brasil possa enfrentar as questões estruturais. “Precisamos primeiro de segurança fiscal, sem a qual as pessoas se retraem”, afirmou, mas ressalvou que é necessário trabalhar na receita e nos gastos do poder público.
Para o presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, a correção de rota é urgente. Em sua opinião, porém, o grande desafio é sensibilizar governo e Congresso Nacional para que adotem, de fato, uma agenda de reformas pensando no desenvolvimento do país em longo prazo. “São 10 anos de realização do ENAI e talvez nunca tenhamos chegado ao encontro em um momento tão complexo”, afirmou Campagnolo. “Estamos chegando ao fim de 2015 com um quadro econômico e político muito ruim e se não tivermos sinais claros de mudança logo, continuaremos com muitas dificuldades em 2016”, acrescentou.
Uma comitiva com 67 participantes, liderada pelo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, também participa do evento. “As federações do sul estão unidas em prol do desenvolvimento da região. Frequentemente, nos encontramos com o propósito de cobrar políticas para os três estados”, relatou Müller na quinta-feira (5) por ocasião da festa de premiação das 500 MAIORES DO SUL, o maior e mais tradicional ranking regional de empresas do país, publicado por AMANHÃ em parceria com a PwC.
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