Gerdau diminui ritmo de investimentos
A diversificação geográfica dos negócios da Gerdau tem ajudado a companhia a sentir menos os efeitos da atual crise econômica brasileira. Prova disso é parte dos resultados do segundo trimestre anunciados nesta quarta-feira (12). A receita líquida foi de R$ 10,8 bilhões, avanço de 3% sobre igual período do ano anterior. Já o lucro líquido foi de R$ 265 milhões, o que representa 33% de diminuição frente ao segundo trimestre de 2014, motivada pelo menor resultado operacional e pelas maiores despesas financeiras (veja outros dados do desempenho na tabela ao final desta reportagem).
No cenário global, a recente desvalorização do yuan, capitaneado pelo governo chinês, preocupa André Gerdau Johannpeter, presidente da maior empresa do Sul, segundo o ranking GRANDES&LÍDERES – 500 MAIORES DO SUL, publicado por AMANHÃ em parceria com a consultoria PwC. “Essa decisão faz da China mais competitiva, o que aumenta ainda mais a exportação de aço vindo de lá aliado ao fato da queda do preço. Isso impacta todos os mercados onde atuamos”, afirma Johannpeter apresentando dados que mostram como tem sido árduo competir com o gigante asiático. As exportações chinesas para a América Latina, nos últimos 15 anos, aumentaram 137% enquanto o valor médio do aço caiu 24%. Apenas o excedente de produção chinesa (425 milhões de toneladas) equivale a seis vezes o volume da produção anual da América Latina. Na visão de Johannpeter, é difícil prever os efeitos da medida chinesa.
Já no Brasil, as vendas até junho somaram 1,5 milhão de toneladas, praticamente estáveis em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, isso foi compensado com exportações maiores que foram guindadas pelo dólar valorizado. A recente intervenção do Banco Central no câmbio foi criticada por Johannpeter. “O dólar ajuda a indústria a se tornar mais competitiva. Não saberia dizer qual seria o valor ideal, mas acho que a moeda norte-americana precisaria refletir a inflação e, por isso, o governo deveria optar pelo câmbio livre, pois é dessa forma que o mundo compete”, frisou. O CEO também afirmou que o ritmo de investimentos será menor no segundo semestre. Até junho, o desembolso da Gerdau foi de R$ 648 milhões, mas a empresa não revelou a nova meta. Em novembro do ano passado, a companhia havia anunciado um aporte de R$ 1,9 bilhão para 2015.
A retração da economia brasileira vem reduzindo a demanda dos principais segmentos consumidores de aço – indústria, construção civil, automotivo –, a qual também tem sido afetada pelas importações. O país também tem sofrido com a redução nos volumes de venda e produção de veículos, outro importante setor para a Gerdau. “Notamos que o consumo doméstico acentuou a queda nesse segundo semestre. O que vemos é que o mercado nacional continuará nesse nível. Seguimos adequando e otimizando nossas plantas e faremos mais [adaptações] se for preciso”, revela Johannpeter. A estratégia tem se mostrado eficiente: as despesas gerais e administrativas no segundo trimestre tiveram retração de 6,2%. Porém, retirada a variação cambial, esse índice sobe para 14%. Johannpeter não descartou novos cortes de pessoal caso a fraqueza do mercado doméstico se acentue nos próximos meses.
Um alento, no entanto, é a América do Norte, onde as vendas para construção não-residencial têm apresentado melhora contínua, mas ainda há queda no setor de óleo e gás. No segmento de aços especiais, o mercado de veículos leves e pesados segue crescendo nos Estados Unidos e na Índia, enquanto que na Europa tem apresentado recuperação moderada. Nesta semana, o Goldman Sachs iniciou cobertura do setor siderúrgico na América Latina e revelou que a Gerdau pode se beneficiar por causa do acesso ao crescimento do mercado norte-americano. A premissa principal da avaliação do banco é a exposição da companhia frente às concorrentes já que a Usiminas está altamente exposta ao cenário macroeconômico fraco no Brasil e a CSN ao preço do minério de ferro, o que deve pressionar o fluxo de caixa e aumentar a alavancagem dessas companhias (leia mais detalhes aqui).
Minoritários
Em julho, o conselho de administração da Gerdau aprovou a compra de fatias minoritárias na Gerdau Aços Longos, Gerdau Açominas, Gerdau Aços Especiais e Gerdau América Latina Participações, por um total de R$ 1,9 bilhão. Segundo a companhia, é uma forma de unificar e simplificar as participações societárias nas companhias fechadas da Gerdau S/A no país. No entanto, o negócio gerou dúvidas do mercado, pois a siderúrgica estaria "queimando" R$ 550 milhões de caixa, ou 5% da sua capitalização. No ano, as ações da companhia registram queda superior a 35%. “Se analisarmos o comportamento dos papéis das siderúrgicas nos últimos doze meses, notaremos que a variação do preço está relacionado com a atual situação econômica. O valor reflete esse momento e não fatos pontuais do primeiro semestre, os quais já esclarecemos aos acionistas”, declarou Harley Scardoelli, que assumiu o cargo de diretor corporativo financeiro, de planejamento e de RI em 15 de julho em razão da renúncia de André Pires de Oliveira Dias.
2T15 | 2T14 | Var. | 1T15 | Var. | |
Vendas (Em mil Ton) | 4,271 | 4,524 | -5,6% | 4,143 | 3,1% |
Receita Líquida (R$ Mi) | 10,759 | 10,443 | 3,0% | 10,447 | 3,0% |
Desp. Gerais e Adm. (R$ Mi) | -637 | -679 | -6,2% | -660 | -3,5% |
Ebitda (R$ Mi) | 1 184 | 1 170 | 1,2% | 1089 | 8,7% |
Margem Ebitda (%) | 11% | 11,2% |
| 10,4% |
|
Lucro Líquido (R$ Mi) | 265 | 393 | -32,6% | 267 | -0,7% |
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