Por uma utilização mais racional dos carros
Hoje, é praticamente um consenso: as ruas engarrafadas já não suportam tantos veículos individuais. E não faz sentido alguém comprometer recursos financeiros e espaço físico para contar com um bem que fica mais de 90% do tempo parado, sem uso algum. O automóvel compartilhado é um imperativo de racionalidade e bom senso.
Em fins dos anos 1950, no entanto, era difícil enxergar as coisas dessa maneira. Vivia-se a década do sonho americano, da Guerra Fria e da consolidação do carro como instrumento de autonomia individual e sinalização de sucesso pessoal.
Daí que uma ideia dessa natureza só pudesse vir deles, dos inimigos, dos estraga-prazeres – os socialistas.
Nikita Krushev, primeiro-secretário do Partido Comunista soviético, defendia que táxis e agências de aluguel substituíssem a propriedade privada de automóveis, propondo “um uso mais racional que o [dos] norte-americanos” para aquela tonelada de ferro, aço e borracha que começava a dominar o mundo.
E, atualmente, não são só as avenidas das grandes capitais ocidentais que se ressentem de opções de transporte coletivo, estacionamentos ou espaços para modalidades menos poluentes de transporte, como as bicicletas. Moscou, que ingressou tardiamente na era do automóvel individual, também enfrenta uma batalha diária em relação a vagas, limites de velocidade e polêmicas do gênero, como mostra matéria de setembro do Le Monde Diplomatique Brasil.
Disso tudo, fica a irônica lição: o mundo, tal qual um automóvel, dá voltas – quando o trânsito permite, claro.
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