Eureka! Que tal uma coxinha de panetone?

Pergunta obrigatória de qualquer jornalista quando diante de um empreendedor é: “como você teve essa ideia?”. Pouco importa se o que está entrando no mercado é algo inovador ou “disruptivo”, para usar um vocabulário atual, ou apenas uma versão estapa...
Eureka! Que tal uma coxinha de panetone?

Pergunta obrigatória de qualquer jornalista quando diante de um empreendedor é: “como você teve essa ideia?”. Pouco importa se o que está entrando no mercado é algo inovador ou “disruptivo”, para usar um vocabulário atual, ou apenas uma versão estapafúrdia de algo que já existe – a pergunta inevitavelmente será feita.

Tanto que um repórter não resistiu em fazê-la ao proprietário de uma rede de lanchonetes paulistana especializada em coxinhas de galinha, salgadinho mais do que conhecido em todo o Brasil. Durante o mês de dezembro, a loja estará comercializando sua exclusiva coxinha de panetone (foto). Sim, panetone. Recheada com as abomináveis uvas passas e frutas cristalizadas (leia aqui). Segundo o proprietário, uma das funcionárias deu a sugestão durante um brainstorm que visava justamente a pensar novidades para o final de ano. 

Mas o que nos interessa aqui é entender de que forma novos produtos ou serviços são concebidos. Não necessariamente em seu detalhamento, mas sim no “momento eureka!” em que alguém se dá conta de que algo novo pode ser oferecido. 

Existem seis maneiras principais de gerar ideias de novos produtos. A primeira é recorrer a necessidades e desejos expressos pelos consumidores, sob a forma de queixas e pedidos. “Bem que poderia existir um modo mais simples de passar roupa (ou um tecido que não amassasse)!”, exclama alguém. Se há um inventor ou empreendedor atento, ele pensará numa solução para essa antiga (e aparentemente, eterna) demanda de todos nós.

A segunda forma é aperfeiçoar o que já existe. Com alguma condescendência, poderíamos afirmar que a tal coxinha de panetone é um aperfeiçoamento do salgadinho tradicional – ou uma versão diferente do mesmo produto (que, por sinal, permite infinitas versões).

A terceira forma é começar pela observação de grandes tendências para, a partir delas, chegar no insight. Envelhecimento da população? Busca por uma alimentação mais saudável? Consumidores hiperconectados? Pensando um pouco, daí podem surgir produtos como o serviço de vans que leva e traz idosos de eventos culturais ou passeios, as marmitas saudáveis que já existem nas grandes capitais e até o smartphone placebo ou os acampamentos de desintoxicação digital (veja aqui  e aqui).

A quarta maneira é propor novas aplicações de tecnologias ou conhecimentos já dominados. O sujeito é historiador, mas não quer dar aulas? Quem sabe pode documentar a trajetória de uma empresa. O medicamento já provou sua utilidade em uma área? De repente pode prová-la em outra, mais importante.

Hobbies são outra forma pela qual produtos ou serviços podem ser criados. Todo final de semana um grupo de amigos se reúne para jogar futebol. Mas, claro, nenhum deles se dispõe a ir para o gol. Que tal então chamar um goleiro de aluguel? 

E, finalmente, a imitação pode ser o caminho para lançar uma novidade. Nos Estados Unidos há uma loja de roupas e acessórios para meninas que vende “pares desemparelhados” de meias, pantufas etc. – cada um de uma cor ou com um desenho. Quem sabe algo semelhante não vingue por aqui?

Claro, cada uma dessas fontes de ideias merece aprofundamento posterior. Elas podem e devem ser transformadas ao longo do processo, até porque insights interessantes todos temos, difícil mesmo é prová-los como bons negócios. Para que esse último quesito seja respondido, outras variáveis são importantes, como potencial econômico, sazonalidade, existência de regulamentação, concorrência etc.

E é justamente a passagem do momento “eureka!” para a concretização de algo que diferencia o empreendedor do diletante. E faz com que pessoas como o proprietário da rede de coxinhas, por mais estapafúrdio que seja seu novo produto, mereça nosso mais elevado respeito. 

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Sexta, 29 Março 2024

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