A caminho de um novo ano

Varsóvia tem lá seus encantos no inverno. Embora tenha sido devastada à razão de 98% durante a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução do centro histórico obedeceu a bons padrões de restauração e, aqui e acolá, ainda se respiram os ares de uma capital...
A caminho de um novo ano

Varsóvia tem lá seus encantos no inverno. Embora tenha sido devastada à razão de 98% durante a Segunda Guerra Mundial, a reconstrução do centro histórico obedeceu a bons padrões de restauração e, aqui e acolá, ainda se respiram os ares de uma capital bem enraizada na História. Para mim, especialmente, passear pelas ruas Senatorska, Mila e Krochalma é sempre um prazer. Referência obrigatória de toda literatura pertinente ao Holocausto, prefiro imaginá-las no burburinho que imperava até os anos 1930, quando eram pulsantes de vida judaica. Isso durou até que a hidra nazista encetasse um esforço sistemático para varrê-la do principal país em que, até então, conhecera seu apanágio. Foi caminhando pelos Jardins Saxônia, depois do almoço do Natal no tradicional hotel Bristol, e aproveitando as delícias que nos proporciona uma temperatura de zero grau, que tentei imaginar o que gostaria de ver acontecer no próximo ano.   

Nesse contexto, não tardei a concluir que já me daria por bastante satisfeito se, em alguns aspectos, ele fosse similar a 2016. Digo isso porque acho que o Brasil conheceu avanços e, bem ou mal, trilha a agenda do possível. Ademais, está fora de dúvida de que sairemos mais fortes e nos tornaremos uma nação mais legível. Era inconcebível que milhões de pessoas fizessem uso sistemático de viseiras para não ver o que, no fundo, aquelas mais bem informadas conheciam sobejamente. No campo mais vasto do cenário mundial, pouco a pouco se operam mudanças importantes e aquelas que não nos agradam, estão hipotecadas à vontade soberana dos povos. Pouco podemos fazer quando se trata de sancionar as vicissitudes alheias. É claro que continuaremos a ver aberrações de toda ordem que violentam a consciência coletiva da humanidade. Que façamos micro revoluções em nosso entorno e já estará de bom tamanho.        

Num plano mais pessoal, já que deambulava por ruas que testemunharam da presença de milhares de estudiosos do Talmude, convém atentar para o trinômio bolso, copo e prato. Segundo os antigos, se conhece um homem a partir da forma de como ele lida com o dinheiro, a comida e a bebida. Pois bem, tenho reparos a fazer a mim mesmo nas três dimensões. Nos últimos 5 anos, em função de um conjunto de fatores, venho sistematicamente abusando à mesa, o que começa a resultar em algum desconforto físico. Outra fonte de risco à saúde é o amor pelos vinhos e pela boa cerveja. Se já não tomo destilados – só quando vou ao Recife, onde é bebida oficial –, não sou de me contentar com um cálice ou uma caneca. Claro, isso só alimenta o ciclo vicioso. Por fim, se impõe me desdobrar para encher a agenda profissional. Será daí que virá o equilíbrio financeiro nesse panorama medíocre. Em suma, a saúde estando boa, sou o mais feliz dos homens. E, fiel à vocação errante, tudo que quero é viajar frugalmente e viver com intensidade todos os dias.    

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Quinta, 25 Abril 2024

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