Os carros voadores estão a caminho
Na década de 1960, Os Jetsons mostravam como seria o futuro da sociedade. Ambientado em 2062, o desenho retratava uma família vivendo em um mundo extremamente moderno e tecnológico. O dia a dia era marcado pela interação com robôs que pareciam humanos e por equipamentos que faziam tudo de forma automatizada. E um detalhe que chamava a atenção dos espectadores foi tema de um painel na Web Summit: os carros voadores.
Nessa corrida em direção ao futuro, uma empresa vem ganhando a dianteira e pretende ser a primeira a colocar os carros no ar. Com o respaldo da Tencent, a startup Lilium Aviation apresentou em maio um protótipo de táxi voador de cinco lugares. Totalmente elétrico e com dois pares de asas, decola verticalmente, atinge até 300 km/h e tem autonomia de 300 quilômetros. Em outubro, foi realizado o primeiro – e bem-sucedido – teste.
Mas, afinal, isso tudo se tornará real nos próximos 40 anos, conforme a profecia dos Jetsons? Para atualizar o andamento do projeto, a Web Summit trouxe ao palco central dois visionários que estão liderando essa ambiciosa iniciativa: Daniel Wiegand (cofundador e CEO da Lilium) e David Wallerstein (Chief Exploration Officer da Tencent Holdings).
Da teoria à prática
O estalo para a ideia veio quando Daniel era estudante. “E se pegarmos esse tipo de arquitetura aeroespacial e adequarmos para o uso civil para um serviço comercial com passageiros?”, questionou, ao assistir um vídeo de um avião militar decolando na vertical. Seria um novo sistema de transportes, sem necessidade da infraestrutura atual – formada por ruas, estradas, túneis e pontes. E mais: adicionaria uma terceira dimensão à locomoção, acabando com o trânsito.
Em 2015, a concretização desse sonho começou a ganhar forma. Ele se uniu a três sócios e definiu a visão da empreitada: “Criar um mundo que possibilite a qualquer um voar, a qualquer lugar e a qualquer tempo”. Quatro anos depois, o empreendedor lidera uma equipe de mais de 400 pessoas e já possui um protótipo avançado: o Lilian Jet.
Quando se fala em alta tecnologia, geralmente o custo acompanha o nível de inovação do produto. Mas esse não é o caso do táxi voador concebido pelo jovem empreendedor. Embora o investimento para a fabricação seja dez vezes maior do que a produção de um automóvel convencional, a proposta é oferecer um serviço acessível aos consumidores.
O fundador e CEO da LogiGo Mobility, Antonio Azevedo, que está participando da programação da Web Summit, revela que são poucas empresas trabalhando com esse foco no momento. Porém, são players gigantes, como Airbus e Porsche. “Hoje, os veículos voadores movidos por combustão são inviáveis devido ao investimento que têm de confecção e hora de voo. Porém, os elétricos têm um custo totalmente diferente”, esclareceu. Segundo estimativas de Azevedo, os carros voadores deverão ser implantados no prazo de oito a dez anos. E um obstáculo já é avistado: a regulação governamental.
Resposta a problemas globais
De acordo com David Wallerstein, a novidade se apresenta como resposta a uma série de questões globais. Entre eles, o aumento da população de oito para dez milhões até 2050 – principalmente nos grandes centros. “Estamos construindo mais estradas e vendendo 100 milhões de carros por ano no mundo, dos quais menos de 1% são elétricos. Estamos criando esses pequenos monstros que dizem ‘me alimentem’”, provocou o executivo da Tencent. “A revolução verde pode ser melhor. Não significa dar um passo para trás, nem fazer menos, mas fazer mais”, complementou.
Além de eliminar a emissão de gases poluentes e ser silencioso (dez vezes mais do que um helicóptero), o Litium Jet trará outra vantagem para a sociedade: mobilidade. “Se tivermos um sistema de transportes assim, poderemos viver no interior e trabalhar na cidade”, afirmou, destacando que áreas hoje separadas umas das outras poderão finalmente se conectar.
Outro avanço marcante está na velocidade, o que mudará completamente os hábitos da pessoas para se locomover. “Provavelmente você nunca mais vai usar um carro para uma viagem de mais de 100 quilômetros. Isso porque será cinco vezes mais rápido em um serviço de táxi aéreo pelo mesmo preço”, defendeu Wiegand. Segundo o CEO, o veículo deverá ser lançado em 2025, com operações em duas ou três cidades do mundo. “Daqui a 20 anos, esperamos que talvez 50% de vocês venham aqui em um Lilium Jet”, previu. A se concretizar esse prazo, os Jetsons erraram o prognóstico em mais de duas décadas.
*O Grupo AMANHÃ está presente em mais uma edição da Web Summit. A curadoria da cobertura tem a assinatura da BriviaDez, que promove uma missão ao evento.
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