Coops constroem um mundo melhor
O cooperativismo brasileiro vive um momento de expansão e reconhecimento internacional. Em 2024, o número de cooperados atingiu a marca histórica de 25,8 milhões (12,1% da população), um salto de 66% em cinco anos, fato que traduz a confiança no modelo que combina desenvolvimento econômico e inclusão social. Com essa equação, o cooperativismo tem um papel transformador na economia e na vida das comunidades do Sul do Brasil, pois além de um modelo de negócios, funciona como uma filosofia de desenvolvimento regional. É o que defende o presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Vanir Zanatta. "O que diferencia as cooperativas é justamente o fato de que os resultados gerados ficam nas comunidades. Esse ciclo virtuoso movimenta o comércio local, qualifica profissionais, cria oportunidades e melhora a qualidade de vida das famílias. As pessoas e comunidades são o centro do nosso modelo de negócios", orgulha-se.
O ranking especial das cooperativas de produção, levantamento exclusivo feito por AMANHÃ e PwC Brasil há oito anos consecutivos, espelha a importância do segmento. As 25 representantes em 500 MAIORES DO SUL faturaram juntas nada menos que R$ 176,4 bilhões, com uma sobra (como é chamado o lucro no cooperativismo) total de R$ 7,7 bilhões. No topo da lista está a Coamo, que também é a maior cooperativa da América Latina (veja todos os indicadores das cooperativas de produção na tabela a seguir).
No Brasil, o desempenho econômico do setor é sólido: receita total de R$ 757,9 bilhões em 2024, alta de 9,5% sobre 2023, quase três vezes o crescimento do PIB nacional no mesmo período. Municípios onde as cooperativas têm sede registraram, em média, acréscimo de R$ 5,1 mil no PIB per capita (18,6% acima da média) e ganhos significativos em exportações e importações per capita. Além do crescimento econômico, o cooperativismo exerce forte impacto social. Em 2024 foram gerados 578 mil empregos diretos e distribuição de R$ 51,4 bilhões em sobras que retornaram às comunidades. No caso de Campo Mourão, cidade que sedia a Coamo, o secretário de agricultura e desenvolvimento rural João Marcos Feitoza ressalta a influência positiva do cooperativismo para a cidade de quase 100 mil habitantes. "Não só na questão de arrecadação, pois a Coamo é uma das empresas que mais contribui com tributos, mas também pelo trabalho social, pelas parcerias e pela quantidade de empregos que são gerados. Isso movimenta a economia, o comércio e faz com que a roda da economia possa girar", salienta.
12%
da população brasileira
é associada a uma cooperativa
Essa conjuntura explica a razão pela qual, em 19 de junho de 2024, a Assembleia Geral da ONU proclamou 2025 como Ano Internacional das Cooperativas. A decisão se baseia em evidências de que cooperativas contribuem diretamente para o desenvolvimento sustentável, erradicação da pobreza e crescimento econômico inclusivo, exatamente os objetivos centrais da Agenda 2030. O tema "cooperativas constroem um mundo melhor" destaca a capacidade do setor de atuar em todas as dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e de impulsionar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Geograficamente, o Sul concentra a força do movimento: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul devem responder, em poucos anos, por mais da metade do faturamento nacional. No Paraná, as 255 cooperativas associadas vêm registrando crescimento médio de receita entre 10% e 12% em 25 anos, com investimentos previstos de cerca de R$ 9,2 bilhões até o fim de 2025, especialmente em agroindústrias e armazenagem, para atender mercados como China, Sudeste Asiático, Índia, Japão e Coreia. Só em Santa Catarina, por exemplo, são mais de 4,7 milhões de cooperados, o que corresponde a mais de 58% da população do estado. Outro número expressivo do cooperativismo no estado é o número de empregos gerados, que ultrapassa 102,4 mil.
O cooperativismo brasileiro, além de uma alternativa de organização produtiva, é vetor de desenvolvimento regional e agente de transformação social. Seus resultados econômicos somados à capacidade de reduzir desigualdades, promover inclusão financeira, gerar empregos e fortalecer o tecido comunitário, explicam por que a comunidade internacional voltou os olhos para o setor. "Sempre dizemos que, para uma pessoa ser feliz, ela precisa estar trabalhando, ela precisa gerar renda para sua família, precisa estar consumindo, precisa estar realizando seus sonhos, e através da força da cooperativa a gente consegue fazer com que toda essa engrenagem consiga girar", completa Feitoza.
O poderio cooperativista no maior ranking regional de empresas do Brasil fica ainda mais evidente quando entram no cálculo as cooperativas de crédito e de saúde. Sicredi, Sicoob Central SC/RS, Central Ailos, Unicred, Sisprime do Brasil, Credicoamo e Credicoopavel tiveram uma receita líquida total de R$ 70,2 bilhões em 2024 com um resultado, também somado, de R$ 8,8 bilhões (cheque todos os detalhes na tabela das cooperativas de crédito nas páginas anteriores). E mais: nenhuma das 25 cooperativas de produção e das sete de crédito tiveram prejuízo. As 28 cooperativas de saúde – 25 Unimeds e três Uniodontos – somam um faturamento total de R$ 20,2 bilhões, enquanto a soma dos lucros foi de R$ 74,7 milhões.
Este conteúdo é a parte 1 do especial "A Força do Sul — Cooperativismo"
Em 2025, Ano Internacional das Cooperativas (ONU), o anuário 500 MAIORES DO SUL publicou um ranking especial do cooperativismo, que abrange os setores de produção, saúde e crédito, reconhecendo seu impacto nas comunidades. O ranking é publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC Brasil. Leia o anuário digital completo clicando neste link.
Veja mais notícias sobre 500 Maiores do SulAgronegócioForça do SulNegócios do SulParanáRio Grande do SulSanta CatarinaGestão.
Comentários: