Especialistas debatem soluções tecnológicas para ajudar o agronegócio
O avanço tecnológico que impacta todos os setores da economia tem produzido mudanças também no agronegócio. Responsável por um quarto de toda a riqueza gerada no país, esse setor tem convivido cada vez mais com ferramentas que são capazes de tornar mais eficientes os resultados de lavouras e da pecuária. Mas o Brasil rural ainda depara-se com desafios, como os problemas de conectividade na maior parte do campo e a capacitação dos profissionais que podem utilizar novas ferramentas, como drones e sensores para aumentar a produtividade e reduzir perdas.
Representantes de 15 países estão reunidos, em Curitiba, para debater soluções para esses problemas e tentar apontar caminhos que podem funcionar como alternativas para a América do Sul, região considerada o celeiro do mundo. Em sua sexta edição, o Fórum de Agricultura da América do Sul trouxe nomes das principais cadeias produtivas do agronegócio e especialistas em logística e mercado para discutir como usar essas tecnologias para incrementar os resultados do setor. Os debates, que ocorrem na capital paranaense, terminam no início da tarde desta sexta-feira (24).
O presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken, enfatizou que não basta ter tecnologia digital, é preciso estar conectado. “Aproveitando o momento atual, lançamos uma conexão chamada de parana.coop+10 para uma demanda do momento, que é política. Então, hoje temos uma rede montada de mais de um milhão de pessoas que vão se conectar e conversar com os candidatos, usando a tecnologia para tomar a melhor decisão, que é votar conscientemente”, pontuou. “A iniciativa envolvendo o parana.coop+10, é um exemplo que uso para dizer que precisamos estar totalmente conectados. Temos de apoiar quem nos apoia. Temos de buscar o nosso desenvolvimento, políticas modernas. Nada de amadorismo. Aliás, vemos, às vezes, alguns poderes tratando a agricultura de uma forma até ingênua. Por isso, temos de estar conectados com todos os poderes e mostrar que, o que temos de melhor no Brasil, é a agropecuária moderna, da qual queremos ser protagonistas. Não basta sermos ofertadores de alimentos, mas nos antecipar à demanda, o que só se faz com tecnologia”, destacou.
“Falamos de tecnologias, mas precisamos pensar como transformar essa conectividade do campo em algo palpável, que ofereça informações de forma simples. Precisamos pensar como fazer para o produtor receber, em seu celular, os dados, como um aviso sobre um tipo de praga que pode ameaçar sua lavoura por conta de alta umidade ou do calor”, explicou Sérgio Milani, superintendente da Copel Telecom. A empresa, que é um braço de telecomunicações da Companhia Paranaense de Energia, tem buscado alternativas e serviços complementares para ampliar a conectividade na área rural do estado, segundo ele.
O debate em torno da capacidade de uso dos programas, serviços e tecnologias inerentes aos novos equipamentos usados nos cultivos, por exemplo, dominou grande parte da manhã. A professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e integrante do Grupo de Estudo de Agronegócios da instituição, Marta Cristina Majotta-Maistro, alertou que é preciso observar quem são as empresas que estão oferecendo essas tecnologias e quem é o profissional formado para atuar nesse mundo agrotech. “Esses startups precisam se diferenciar, conquistar seus clientes. O desafio é quanto dar como suporte aos empreendedores que vão assumir alto risco”, avaliou, destacando que a própria atividade agropecuária está vulnerável a diversos fatores como o clima. Sobre o perfil de profissionais que estão sendo formados para atuar no campo, a especialista defendeu a multidisciplinaridade. Segundo ela, é cada vez mais frequente nos campus universitários ver jovens com perfil empreendedor dispostos a atuar nesse segmento. “Safra de jovens que estão sendo capacitados para empreender e que não temem as incertezas do campo”, observou. Marta Cristina alertou, porém, que o Brasil ainda tem, no campo, segundo dados do IBGE, uma população com baixa escolaridade e alto índice de analfabetismo. “É muito frustrante você vir com tecnologia e ver que a pessoa não percebe o tanto que pode ajudá-la”, sintetizou.
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