Como o Brasil pode se tornar protagonista global em inovação
A indústria pode ser o grande motor da mudança no caminho do Brasil rumo à transição energética. Essa foi uma das conclusões de Pedro Wongtschowski, membro do conselho superior da Fapesp, presidente do conselho superior de inovação e competitividade da Fiesp e coordenador da mobilização empresarial pela inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI) no painel "Construindo o Amanhã: Como o Brasil pode se tornar protagonista global em inovação". A palestra de Wongtschowski, que já presidiu a Oxiteno e a Ultrapar, empresa onde presidiu o conselho de administração até o ano passado, abriu a cerimônia de premiação da 20ª edição do ranking Campeãs da Inovação. O evento foi realizado no Sapiens Parque, em Florianópolis, em parceria com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia, a Acate (clique aqui para rever a cerimônia na íntegra).
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Wongtschowski mostrou como o perfil da população global tem se alterado nos últimos anos. "Temos mais idosos que jovens e há uma diminuição da taxa de crescimento populacional em todo o mundo, uma transformação imensa no mercado que fará com que as empresas tenham de se comportar diferentemente do seu histórico mais recente", alertou. A despeito do menor crescimento populacional, a renda maior fará com que as pessoas consumam de hoje até 2030 35% a mais de alimentos, 40% a mais de água e 50% a mais energia. "Será um duplo desafio para a transição energética cujo principal alvo é atingir uma pegada de carbono menor", evidenciou. Na visão de Wongtschowski, o Brasil tem algumas vantagens em relação ao restante do planeta – a começar pelo fato de a participação de renováveis na matriz elétrica ter ficado em 89,2% no ano passado, enquanto a média global não passa de 25%. A energia renovável, inclusive, poderá ser um centro de atratividade para investimentos futuros. "O advento da Inteligência Artificial (IA) tem feito com que as empresas de tecnologia tenham de construir enormes data centers para dar conta de um volume gigantesco de processamento de dados. Por exigências sustentáveis, essas companhias procurarão locais que disponham de energia renovável", argumentou.
Ele também destacou o Plano de Transformação Ecológica (PTE) capitaneado pelo governo federal. Estruturado em seis eixos – financiamento sustentável, desenvolvimento tecnológico, bioeconomia, transição energética, economia circular e infraestrutura e adaptação às mudanças climáticas – o plano prevê principalmente investimentos em infraestrutura. Entre as medidas, estão o mercado regulado de carbono, a criação de núcleos de inovação tecnológica nas universidades, a ampliação de áreas de concessões florestais, a eletrificação de frotas de ônibus, o estímulo à reciclagem e obras públicas para reduzir riscos de desastres naturais. A iniciativa prevê investimentos da ordem de US$ 125 bilhões entre 2025 e 2040 e a geração de aproximadamente 10 milhões de novos empregos.
Wongtschowski relatou o importante trabalho da Mobilização Empresarial pela Inovação, um fórum de articulação público-privado composto pelos principais CEOs do Brasil. Uma das mais contribuições do colegiado foi a reorganização dos currículos dos cursos de engenharia no país nos últimos três anos e recentemente aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), do Ministério da Educação. "Essa alteração vai trazer grandes implicações no futuro", prometeu. Ao dizer que a "indústria saiu de moda" dando lugar ao agronegócio, "que [agora] é Pop ou Top, ou ambos", Wongtschowski defendeu a importância da indústria para o Brasil. "O agro não sobrevive sem o trator, colheitadeira ou drone, todos produtos industriais. Não há agricultura moderna sem defensivos agrícolas. Ocorre o mesmo com a saúde e a educação. Tanto nos serviços, quanto no agronegócio, segmentos que mais crescem no país, dependem de uma indústria que viabilize essa tamanha competitividade", declarou. Por essas razões, Wongtschowski entende que a indústria pode ser o grande motor da mudança no caminho do Brasil rumo à transição energética.
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