Pacto Alegre vai monitorar dados naturais contínuos e desenvolver sistemas de alertas no RS
Emprestado da física para as ciências sociais e humanas, o termo "resiliência" diz respeito à capacidade de um material retornar ao normal depois de submetido a uma tensão. O conceito agora transborda para a realidade do Rio Grande do Sul, a partir da proposta do Pacto Alegre e do seu Desafio Extraordinário Porto Alegre Resiliente. Composto por seis projetos, que vão desde comunicação até um hospital veterinário de campanha, o desafio apresenta uma abordagem que combina ciência e inovação para transformação social e prevenção de desastres naturais. Trata-se do Projeto Estratégia de Resposta Climática e Resiliência que, como sugere o nome e o conceito por trás dele, tem como missão auxiliar a sociedade gaúcha a retomar ao seu "normal", ou melhor, restabelecer-se.
Os detalhes da proposta foram apresentados em uma reunião aberta à comunidade no último dia 22, em que quase 200 pessoas lotaram o auditório do Global Tecnopuc. De acordo com Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, coordenador do Pacto Alegre e articulador do projeto, esta é uma iniciativa, ao mesmo tempo, de longo prazo e de prevenção. "Vamos acompanhar o restabelecimento da infraestrutura da cidade, comunicando cada passo de forma adequada, direta e centralizada, baseada em dados. Trata-se de um programa que deve fomentar a construção, a adaptação e a realocação, quando necessário, das infraestruturas de moradia, transporte, água, energia e esgoto, para prepará-las para novas emergências", revela. "A ideia é estabelecer um programa que seja capaz de promover a proteção e a restauração da vegetação nativa florestal e não florestal, bem como estimular a produção agrícola, o uso do solo, da água e da biodiversidade de forma mais sustentável e resiliente, fundamentado em princípios ecológicos e de economia circular renovável", completa Márcia Barbosa, pesquisadora da Rede de Emergência Climática e Ambiental da UFRGS e articuladora deste projeto.
Objetivamente, o projeto terá a missão de monitorar dados naturais continuamente; desenvolver um sistema de alertas; acompanhar o desenvolvimento de infraestrutura básica de água, energia e urbanismo; e comunicar de forma adequada, direta e centralizada a sociedade gaúcha. Isso se dará em duas principais frentes: Think Tanks e programas estruturantes. Entre os Think Tanks, encontram-se a Rede de Emergência Climática e Ambiental; a Rede CEPED-RS; um Grupo de Apoio Internacional, sob coordenação de Santiago Uribe, sociólogo e consultor do Pacto Alegre, e colaboração de especialistas dos Estados Unidos e Holanda, por exemplo; e o Comitê Científico de Emergência Climática, liderado por Silvio Bitencourt da Silva, Gestor Executivo do Tecnosinos e representante da Unisinos no Pacto Alegre. "A união de forças será fundamental, por isso contamos com tantos parceiros, pesquisadores e especialistas. Nestes cinco anos de Pacto Alegre, atuamos sempre pela lógica de que a inovação só faz sentido com transformação social. Agora, chegou o momento também da resiliência. O programa intenta criar uma educação que prepare a população para fazer frente às emergências climáticas atuais e as gerações futuras para serem mais resilientes", afirma Silva Filho.
"O Desafio Extraordinário Porto Alegre Resiliente abriga iniciativas e projetos, de curto e longo prazo, que objetivam atuar na mitigação dos efeitos das enchentes, decorrentes das mudanças climáticas, e na construção de uma nova visão de futuro da cidade e do estado", explica o superintendente do Tecnopuc e representante da PUC-RS no Pacto Alegre, Jorge Audy. Além do Projeto de Emergência Climática e Ambiental, cinco outros projetos do Pacto Alegre compõem o desafio. Eles englobam a organização e atuação em abrigos e habitações de Porto Alegre, desde distribuição de alimentos até apoio psicossocial e segurança; a promoção de uma limpeza solidária, focada em residências e espaços públicos; a Comunicação Resiliente, que busca orientar as mensagens produzidas e trazer uma visão de futuro aos porto-alegrenses após o período crítico das enchentes, bem como combater a desinformação; o Hospital Veterinário de Campanha (HVC), mantido por veterinários e farmacêuticos voluntários, que proporcionam a recuperação de inúmeros animais resgatados das inundações, realizando cirurgias e demais atendimentos necessários; e o Projeto Escuta que Faz Bem, iniciativa de curto prazo para a escuta ativa das vítimas das enchentes, que visa acolher os sentimentos de perda e luto, fortalecendo os recursos emocionais e a resiliência para a construção de novos caminhos de vida.
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