Digitalização e ESG impulsionam modernização do setor ferroviário brasileiro

O transporte ferroviário é considerado o modal mais limpo e eficiente para escoar a produção agrícola e mineral do Brasil — e vem ganhando ainda mais protagonismo com as demandas de sustentabilidade. Hoje, cerca de 28% do PIB nacional passa pelos trilhos, e o avanço tecnológico se tornou essencial para reduzir custos, aumentar a vida útil da malha e prevenir acidentes. Nesse contexto, a digitalização e o uso de Inteligência Artificial (IA) surgem como aliados estratégicos para levar o setor a um novo patamar. As inovações foram tema central da segunda edição do Workshop Técnico do Setor Ferroviário, realizado em Curitiba, que reuniu concessionárias como MRS, Rumo, Vale, MetrôRio, Motiva, Trivia e VLI, além de especialistas acadêmicos. O encontro foi promovido pela Loram South America, que apresentou soluções de monitoramento digital e softwares capazes de prever falhas com precisão.

Segundo o diretor de serviços digitais da Loram, Wesley Thomas, o software Digital Twin identifica a causa raiz de defeitos nos trilhos e na bitola (distância entre as rodas), prevenindo falhas graves. "Esse software torna a nossa prestação de serviço ainda mais eficaz, prevenindo acidentes e aumentando a vida útil dos trilhos", explicou. Outra iniciativa destacada foi a parceria com a inglesa One Big Circle, que permite instalar câmeras em locomotivas e carros de inspeção para gerar imagens que alimentam sistemas de manutenção preditiva. "Estamos passando por uma digitalização muito forte do setor, que ajuda a priorizar onde está a necessidade de intervenção e eleva a segurança das ferrovias", afirmou Murilo Martins, diretor executivo da Loram Brasil.

Além disso, foi apresentado o sistema Aurora, de mapeamento dos dormentes, que com apoio da IA projeta o tempo de vida útil da base dos trilhos e aponta o momento ideal para substituições. Para Martins, o avanço tecnológico está diretamente ligado à agenda de sustentabilidade: "A ferrovia é o modal mais limpo, essencial para reduzir emissões. O futuro do setor depende de investimentos que unam segurança, produtividade e responsabilidade ambiental", destacou.