Estudo aponta desigualdades na responsabilidade pela mudança do clima

Relatório sugere investimento em medidas de mitigação e adaptação em regiões mais vulneráveis
Países de renda média, o Brasil consumiu 158% do seu orçamento de carbono, e a Indonésia, 88%

As causas e os impactos da mudança do clima não são distribuídos de forma equitativa. Os países desenvolvidos foram historicamente os maiores responsáveis pelas emissões de carbono, mas é nos países mais pobres que os efeitos negativos são sentidos com maior intensidade. O estudo Climate Injustice and Climate Debts: Estimating Responsibility for Climate Change, do técnico de planejamento e pesquisa da diretoria de estudos internacionais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Rodrigo Fracalossi de Moraes, publicado pelo International Poliy Centre for Inclusive Development (IPCid), identificou quais países, dentre aqueles com as 25 maiores economias e/ou populações do mundo, utilizaram seus orçamentos de carbono e, portanto, possuem dívidas climáticas.

A estimativa foi calculada com base em um orçamento global de carbono de 2.790 Gt (gigatoneladas de carbono), tendo como base o ano de 1990. Este orçamento é compatível com a probabilidade de 67% de aumento de 1,5 °C na temperatura média global em relação a níveis pré-industriais, conforme estimado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) em 2021. Os dados revelam que os Estados Unidos, por exemplo, gastaram cerca de três vezes seu orçamento de carbono, com uma dívida climática equivalente a 123 GtCO2. Em contrapartida, a maioria dos países de renda média ou baixa não utilizaram seus orçamentos de carbono.

O estudo propõe que países com dívidas climáticas invistam em mitigação e, sobretudo, em medidas de adaptação em países e regiões mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. O Fundo Verde para o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Fundo Amazônia são apontados como exemplos de mecanismos que podem ser ampliados para operacionalizar esses pagamentos. Em países onde o desmatamento é o principal responsável por emissões, o reflorestamento é também uma forma de pagamento de dívidas climáticas.

Adaptação e mitigação
Países de renda média, o Brasil consumiu 158% do seu orçamento de carbono, e a Indonésia, 88%. "Estes dados indicam a ineficiência do desmatamento como instrumento de produção de riqueza, mas também o potencial para rápidas reduções nas emissões de carbono por meio do combate a essa prática", explicou Fracalossi. O estudo destaca, ainda, que a redução da pobreza é, em si, uma medida de adaptação: pessoas e comunidades se tornam mais resilientes às mudanças climáticas. Além de medidas de mitigação, o trabalho reforça que a crise climática não afeta a todos da mesma forma, sendo essencial reconhecer as responsabilidades históricas e garantir que aqueles que mais contribuíram para o problema também assumam um papel ativo na sua solução.

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Domingo, 09 Março 2025

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