ESG: por que investir em ações ambientais, sociais e de governança

Fórum, promovido pela Fiesc, debateu o tema
O fórum trouxe a visão do tema ESG a partir da indústria

Repensar a relação com as comunidades sem perder de vista a sustentabilidade dos negócios é o desafio encarado pelas empresas comprometidas com questões sociais, ambientais e com boas práticas de governança. Por isso, a Federação das Indústrias (Fiesc) realizou na quinta-feira (28) o Fórum Radar ESG com especialistas no tema e cases nacionais de companhias que estão avançadas nestas questões.

Três painéis abordaram a urgência do tema ESG; as visões setoriais com representantes das câmaras da agroindústria e da indústria têxtil, confecção, couro e calçados, construção civil e metalmecânica; e cases da aplicação prática do ESG nas empresas Ciser, JBS e Rudolph. Sérgio Sampaio, vice-presidente de Operações do Grupo Boticário, encerrou o evento apresentando como o Grupo Boticário aplica as questões ligadas ao ESG na cadeia de suprimentos. "O ESG tem de ser um propósito, uma intenção genuína de fazer algo. Quanto mais acreditamos no ESG e abraçamos a causa, mais resultados temos dentro do grupo", disse. A empresa estabeleceu compromisso de neutralizar o impacto ambiental até 2030.

A Urgência ESG
Luciana Nabarrete, diretora-administrativa da Engie Brasil Energia mediou o primeiro painel apresentando uma linha do tempo sobre o ESG. Destacou que o tema não é recente e lembrou alguns marcos como a Agenda 2030, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e o Acordo de Paris (em 2015). A pandemia global da Covid acelerou as agendas sobre esse tema.

No Itaú Unibanco, a agenda já vinha evoluindo, de acordo com Luciana Schneider, sócia e diretora de relações institucionais, sustentabilidade e empreendedorismo do banco. "Quando a gente olha o ESG pelo sistema financeiro, que acaba sendo um termômetro, temos um agente regulador bastante ativo. O que antes era precursor em outros lugares do mundo, agora é online. Por exemplo, o impacto climático que está sendo discutido na Europa, já está sendo discutido no Brasil. O Itaú tem olhado para o tema usando o 'core do negócio' para atuar também em problemas que ameaçam a perenidade do mundo", frisou.

Entre os destaques da Agenda ESG do Itaú estão contribuir com R$ 400 bilhões para incentivar negócios que promovam uma economia sustentável e cada vez mais verde e inclusiva; contribuir com R$ 11 bilhões até 2024 para pequenas e médias empresas lideradas por mulheres; e colaborar para a inclusão financeira por meio de soluções de baixo custo. Marcella Ungaretti, sócia e head de Research ESG da XP Investimentos, afirmou que esta 'agenda ESG' precisa ser endereçada aos investidores, que têm demonstrado crescente interesse. "Ao redor do mundo o tema é mais do que uma realidade. O capital alocado em projetos que consideram o ESG na hora de investir já é maior do que US$ 35 trilhões", destacou, com base em dados da Global Sustainable Investment Alliance.

Visões setoriais
O fórum trouxe a visão do tema ESG a partir da indústria. Giuliano Donini, presidente da câmara têxtil, confecção, couro e calçados, destacou que 83% das 9 mil empresas do setor são micro negócios. O setor, que é o terceiro maior PIB do estado - é forte e pouco resiliente, tem elos que acabam se rompendo com as movimentações do mercado. Sonegação fiscal, pirataria e o consumo tóxico são questões que exigem atenção neste segmento. "Temos uma grande necessidade de fazer uma reorganização setorial, fomentar uma cultura com clusters com arranjos produtivos que dialoguem. O que vai fazer com que esse setor realmente mude é o consumidor final, se ele realmente mudar o seu comportamento", afirmou.

O presidente da câmara metalmecânica, André Odebrecht, falou sobre os números positivos da indústria, mesmo com adversidades como a falta de matéria-prima e a carga tributária. "Tenho a convicção de que a indústria de Santa Catarina, na sua origem, tem esse compromisso. O industrial catarinense sempre teve preocupação com a governança, com o meio ambiente e o social, isso vem conectado à cidadania. Nosso setor tem um contingente muito grande de pequenas empresas que fazem parte da nossa cadeia e que devem estar alinhadas a esses movimentos", disse.

No setor da construção civil, Marcos Bellicanta, da câmara da construção, destacou que o ESG permeia todas as ações da construção civil. "Com apoio dos sindicatos e da Fiesc, precisamos promover essa organização do setor e promover essa agenda social, ambiental e de governança", salientou. "Não há país no mundo onde a construção civil não é forte. As empresas que terão o padrão ESG elevado são aquelas mais perenes e com mais eficiência", acrescentou.

Neivor Canton, presidente da câmara da agroindústria, afirmou que o Brasil caminha a passos largos para se estabelecer como um dos maiores produtores de alimentos, tanto para consumo interno, quanto externo. "A agroindústria brasileira não fica devendo nada àquelas que são as maiores do mundo. Não recebemos mais as missões externas para conhecer os parques fabris. Recebemos comitivas para conhecer aquela indústria que vem antes da nossa, que é a propriedade rural", relatou.

ESG na prática
Casos práticos e desafios de implantação de ESG na Ciser e na JBS Seara foram apresentados pelos diretores Carlos Rodolfo Schneider e José Ribas. Na abertura do painel, o CEO e membro do conselho de administração da Rudolph Investimentos e Participações, Alex Marson, defendeu o que chamou de potencial inato dos negócios de provocar mudanças no mundo. "Esse conceito basicamente traz a proposta de olhar as empresas como organizações que trabalham para um benefício para a sociedade à frente do lucro na escala de prioridades. O lucro é uma consequência de valor gerado para a sociedade através de relações integras", afirmou.

"Nosso grupo tem uma história de 140 anos e há muitas décadas vem praticando valores que hoje integram o ESG, desembocando de uma forma espontânea nesse conceito", disse Schneider, a respeito da aplicação de ESG na Ciser. "Defendemos uma atuação com impacto possível para o planeta e maior impacto possível para as pessoas que trabalham conosco", acrescentou. O empresário apresentou iniciativas proteção florestal, como preservação de nascentes e parques naturais; sustentabilidade da indústria e ações sociais.

José Ribas, diretor-executivo de agropecuária e sustentabilidade na JBS Seara, também destacou que as práticas são anteriores ao surgimento do conceito. "A gente fazia ESG sem saber que era ESG", afirmou. "O setor ao agro tem um compromisso muito grande nas questões ambientais e sociais. O IDH das cidades onde as agroindústrias estão é significativamente maior do que nas cidades onde não estão". Para ele, o agronegócio é protagonista em ESG, pois será sempre a vitrina, pois a sociedade cuida como o setor está cuidando do meio ambiente, dos animais, das pessoas. "Temos muitos desafios e os próximos cinco anos serão mais transformadores de todos os tempos, com a entrada de novas tecnologias". Ele afirmou que o agro brasileiro tem o equivalente a 1 trilhão em áreas de preservação.

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Sexta, 26 Abril 2024

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