Produção científica no país retoma crescimento após dois anos de queda

Antes da retomada, queda da produtividade refletia período da pandemia de Covid-19
O relatório Bori-Elsevier mostra também que o crescimento do número de artigos publicados é impulsionado pelo aumento de autores em cada país

A produção científica brasileira voltou a crescer em 2024 em relação ao ano de 2023, de acordo com novo relatório Bori-Elsevier publicado nesta quinta-feira (18). Os dados revelam que a quantidade de artigos científicos produzidos em instituições de pesquisa do Brasil cresceu 4,5% em relação ao ano de 2023 — e chegou a 73.220 documentos. Apesar disso, a ciência brasileira ainda não recuperou a produção acadêmica de 2021, de 82.440 artigos científicos, quando teve início um período de queda nas publicações assinadas por pesquisadores do país.

Como mostraram dois relatórios Bori-Elsevier anteriores, a quantidade de artigos científicos produzidos no Brasil havia caído de maneira inédita em 2022 em relação ao ano anterior: um decréscimo de 7,4%. No ano seguinte, em 2023, houve uma nova queda de 7,2% na produção, em relação a 2022. Agora, em 2024, a tendência se reverte — e isso acontece em boa parte do mundo. A maioria dos países analisados agora apresentou algum nível de crescimento na sua produção científica em 2024 em relação a 2023, o que parece indicar uma retomada do ritmo da ciência na maioria dos países após a pandemia de Covid-19. As exceções são Rússia (queda de 6,3%) e Ucrânia (retração de 0,6%).

A retomada da produção científica brasileira, verificada nos dados deste ano, era esperada pela comunidade científica. "O volume de publicação de artigos de um país reflete, entre outros fatores, o volume de investimento feito em pesquisa científica alguns anos atrás", avalia Dante Cid, vice-presidente de relações institucionais para a América Latina da Elsevier. "Mediante o melhor nível de investimentos feito estes últimos anos, esperávamos que a produção nacional retomasse o crescimento", acrescenta. 

O levantamento considerou apenas as publicações do tipo "artigo científico", excluindo outros tipos de publicações editoriais. A coleta de dados foi feita em julho deste ano, com a ferramenta analítica SciVal, da Elsevier, que facilita o acesso aos dados da base de dados Scopus, que cobre mais de 100 milhões de publicações editadas por mais de sete mil editoras científicas no mundo todo. Também foi analisada, no relatório, a variação da produção das 32 instituições de pesquisa brasileiras que tiveram mais de mil publicações científicas do tipo "artigos" em 2024. Dessas, apenas três — Embrapa, Universidade Federal de Goiás e Universidade Estadual de Maringá — tiveram uma variação negativa. "É uma mudança muito favorável em relação ao panorama em 2023, quando apenas duas instituições tiveram variação positiva", destaca Cid.

"Conhecer esse panorama com profundidade é de grande valor tanto para acadêmicos quanto para gestores públicos. Não se faz boas políticas públicas a partir apenas de percepções ou com ações pontuais. Levantamentos como os relatórios Bori-Elsevier ajudam a identificar instituições mais resilientes, onde a retomada é mais robusta, e quais regiões e instituições precisam de políticas específicas para recuperar fôlego", argumenta Ana Paula Morales, cofundadora da Bori. O relatório mostra também que o crescimento do número de artigos publicados é impulsionado pelo aumento de autores em cada país — efeito da retomada do crescimento no número de doutores e mestres formados no país. Nesse sentido, o Brasil tem crescido: em 2004, havia 205 autores por milhão de habitantes; hoje, esse número quase quintuplicou, para 932 por milhão.

Com Agência Bori 

Veja mais notícias sobre BrasilGestão.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 18 Dezembro 2025

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/