Agenda 2030: um negócio que pode render muitos trilhões
O desenvolvimento sustentável como responsabilidade empresarial e individual foi o tema do Tá na Mesa, dessa terça-feira (26), na Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul). Segundo os convidados Carlo Pereira (na foto, à esquerda), secretário executivo da Rede Brasil do Pacto Global da ONU, e Luiz Noronha (na foto, à direita), diretor de Planejamento do BRDE, não faltam oportunidades – e sim falta mobilização.
De acordo com Pereira, se as metas da Agenda 2030 – assinada em 2015 por mais de 190 países para erradicar a pobreza e proteger o planeta – forem atingidas, serão gerados mais de US$ 12 trilhões em oportunidades de negócio. E em um horizonte de 30 anos esse valor pode ser ainda maior. “As novas gerações querem trabalhar em ambientes que tenham mais aderência ao que eles pensam. Nas próximas três décadas, aproximadamente US$ 28 trilhões em ativos serão transferidos pelos millenials [também conhecidos como a geração Y, aqueles nascidos entre 1979 e 1995] para a economia mundial”, projeta. “O mundo nunca esteve melhor. Mas isso não significa que não possa melhorar”, observa.
A proposta do Pacto Global é mobilizar cada vez mais companhias a aderirem ao movimento e adotarem práticas nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção. Nos cálculos apresentados por Noronha, dos 200 maiores PIBs do mundo, há nada menos que 153 empresas. De acordo com ele, a Rede Brasil, criada em 2003, é hoje a terceira maior rede do mundo, com 700 signatárias. “O governo federal ainda está entendendo quais das 169 metas e dos 17 objetivos propostos pela Agenda 2030 fazem sentido à realidade brasileira. Até julho de 2019, deve haver o rastreamento completo de todos os indicadores do país”, explicou. O apoio do governo federal e da rede pública estadual, no entanto, não tiram a responsabilidade das empresas. “Desde 2011, a questão dos direitos humanos deixa de ser só uma responsabilidade de países e passa a ser uma questão de responsabilidade de empresas. Ou seja, elas são obrigadas a reparar, caso aconteça algum desvio”, recordou Noronha.
De acordo com Noronha, do BRDE, toda sociedade é responsável pelo progresso – e o governo não é mais o único responsável por determinar políticas em prol da sustentabilidade, mas cada empresa e cidadão também. “O BRDE, por exemplo, decidiu criar um Plano de Ação de Responsabilidade Socioambiental. Com pequenos ajustes na gestão e na nossa forma de trabalho, conseguimos fazer em dois anos o que antes era feito em dez”, revelou. Entre essas medidas, o BRDE aderiu à Agenda Ambiental na Administração Pública, revisou os impactos produzidos por suas atividades no meio ambiente e criou uma linha de crédito específica para incentivar projetos de desenvolvimento sustentável. A linha de fomento PCS – Produção e Consumo Sustentado foi a mais demandada pelo BRDE no ano passado. No total, foram disponibilizados R$ 500 milhões. O crédito serve para aportar recursos em uso eficiente e racional de água; energias renováveis e eficiência energética; cidades sustentáveis; agronegócio sustentável; e destino adequado de resíduos.
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