Porto de Paranaguá faz embarque pioneiro no Brasil
Esta semana, o Porto de Paranaguá embarca a primeira carga de “farelo” produzido pelo processamento do milho para o etanol. Conhecido no mercado como DDGS, a operação será um teste para que o produto passe a entrar na rotina das exportações paranaenses a granel. Neste primeiro lote, 27,5 mil toneladas serão levadas ao Reino Unido, Inglaterra, pelo navio Interlink Acuity. “Ficamos animados quando a demanda surgiu e, mais ainda, quando esta operação foi confirmada. É uma oportunidade de ampliação de negócios não apenas para o porto e operadores, mas, também, para a indústria do Estado”, afirma o presidente da empresa pública Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.
O navio que vai receber a carga (que em inglês usa a sigla para Grãos Secos de Destilaria com Solúveis/Dried Distillers Grains With Solubles) chegou na última segunda-feira (16) e está programado para atracar e iniciar o carregamento, no berço 212, no Corredor de Exportação, no próximo dia 22. O lote já está completo e armazenado no terminal da Cimbessul, em Paranaguá. Segundo o coordenador de operações portuárias Ronaldo Zucarelli, foram 700 caminhões que descarregaram o DDGS nos armazéns da empresa. O produto está segregado no armazém, como exigido pelo comprador.
O produto embarcado pelo Porto de Paranaguá foi produzido em Sinop, no Mato Grosso, pela Inpasa Agroindustrial S.A. No país, a empresa chega a processar 3,6 mil toneladas de milho por dia, produzindo 1,5 milhão de litros de etanol e mil toneladas de DDGS diariamente. Atualmente esse mercado é dominado pelos Estados Unidos que chegam a exportar cerca de 40 milhões de toneladas de DDGS ao ano. No Brasil, além da unidade de Sinop, a empresa deve abrir uma segunda unidade em Nova Mutum, também no Mato Grosso, que deve ser inaugurada no segundo semestre de 2020, agregando a produção de mais 750 toneladas de DDGS, por dia. O grupo tem, no Paraguai, outras duas unidades que já exportam pelo país vizinho.
O DDGS, é um coproduto do processamento do milho para a fabricação de etanol, é o que sobra do grão. Esta primeira carga é do Mato Grosso, mas esse passo da indústria daquele Estado anima a única usina que produz etanol a partir do grão no Paraná. Segundo o gerente comercial da Cooperativa Agroindustrial Vale do Ivaí (Cooperval), Claudinei José Vesco, o fato de haver condições de exportar o DDGS pelo Estado é um avanço. “É uma grande novidade e muito positiva para o setor. Não tenho dúvidas que será ótimo para ampliarmos o processo e a produção”, afirma.
Como conta Vesco, a Usina, localizada em Jandaia do Sul, começou a produção em 2018. No ano passado, foram 17 mil toneladas de milho processadas para produzir cerca de 7 mil metros cúbicos de etanol. Para 2020, a expectativa da Usina é processar cerca de 150 mil toneladas de milho, aumentando ainda mais a produção do etanol e as oportunidades de comercializar subprodutos como o DDGS.
Para a produção do etanol, o milho precisa ser moído, transformando-se numa espécie de farinha. “Esta vai para um processo como um cozimento até virar o etanol. O que sobra é um produto como um fubá um pouco mais grosso. Esse passa por um novo processo, de secagem, e chegamos ao DDGS”, conta. O produto, segundo ele, tem mais de 30% de proteína, excelente para alimentação animal. “Já produzimos este produto para o mercado interno, de pequenos consumidores, mas temos condições totais de atender uma demanda maior, inclusive do mercado externo”, conclui o gerente comercial. Uma tonelada de milho é capaz de produzir 420 litros de etanol e 300 quilos de DDGS.
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