Integrantes do Mercosul confiam em mudanças sem prejuízos para o bloco
Em meio às perspectivas sobre o governo eleito Jair Bolsonaro, representantes dos países que integram o Mercosul (Argentina, Paraguai e Uruguai, a Venezuela está suspensa) afirmaram nesta quarta-feira (7) que aguardam mudanças, mas jamais rompimento ou prejuízos ao bloco econômico. A discussão ocorreu durante encontro na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), na capital paulista. O debate foi motivado por declarações críticas do economista Paulo Guedes, confirmado para o superministério da Economia (que reunirá Planejamento, Fazenda e Indústria, Comércio Exterior e Serviços). Porém, dias depois de ele dizer que o Mercosul não será prioridade, o presidente eleito ressaltou que a mudança será para evitar o “viés político” nas negociações.
O cônsul-geral da Argentina, Luis Castillo, declarou que o Mercosul terá mudanças, mas sem rompimento. “Você não se separa da sua mulher se quer ir para o mesmo lado que ela, procura negociar. Não dá para romper de um dia para o outro. Tem de ser conversado”, afiançou. Para Castillo, as críticas sobre a Venezuela, que faz parte do Mercosul, mas está suspensa temporariamente, devem ser superadas. Bolsonaro já afirmou que não pretende adotar ações de intervenção no país vizinho.
O adido comercial do Paraguai, Sebastian Bogado, reiterou que busca a convergência de interesses e que é necessário flexibilizar as normas para negociação com outros países. “Com todas as diferenças, dificuldades, é de se destacar que também foi feito trabalho árduo [no Mercosul]. A importância de se manter juntos é que a união faz a força. Isso continua valendo, inclusive com as nossas imperfeições. Somos mais fortes juntos que separados”, sublinhou.
Como bloco econômico, o Mercosul (na foto, a 51ª Reunião do Conselho do Mercado Comum do grupo, ocorrido em dezembro de 2017) existe desde 1991. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), as exportações para o bloco somaram US$ 16,7 milhões no acumulado de janeiro a setembro, alta de 1,3% sobre o mesmo período do ano passado. As importações foram de US$ 9,8 milhões também no acumulado, elevação de 12,4%. Os principais produtos exportados foram automóveis de passageiros (21%), veículos de carga (6,6%), óleo bruto de petróleo (6,4%) e peças para veículos e tratores (5,2%).
Recentemente, o atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, informou que avançam as negociações para um acordo de associação entre o Mercosul e a União Europeia. Há 18 anos, as articulações estão em curso. Mas há divergências em pontos referentes à indústria automobilística e ao acesso aos mercados de produtos como a carne bovina, o açúcar e os produtos lácteos.
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