Custo de tratamento de câncer dobra em uma década
O custo no tratamento do câncer tem sido frequentemente debatido em todo o mundo. Durante o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, que ocorreu em Chicago (EUA) entre sexta-feira (1°) e esta terça-feira (5), a preocupação com a “toxicidade financeira” ocupou espaço significativo na agenda cientifica. Ao mesmo tempo em que há entusiasmo com surgimento de novas estratégias terapêuticas, o impacto da incorporação de tecnologias com tratamentos imunológicos é alto e causa dilemas sobre decisões a serem tomadas ao longo do processo.
No início da década, o custo médio de incorporar um novo tratamento para câncer girava em torno de US$ 4 mil por mês. Atualmente, fica em torno de US$ 10 mil por mês. Mesmo para quem possui seguro de saúde, esse impacto acaba sendo repassado ao paciente, pelo aumento da sinistralidade, conforme explica Stephen Stefani (foto), médico oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre, e especialista em economia da saúde. Quando tratamentos ultrapassam US$ 1 milhão por ano, e tais situações já existem, pacientes sem condições financeiras podem se ver privados do acesso à melhor tecnologia.
As estratégias apresentadas para tentar lidar com esse problema passam por alinhamento claro de prioridades e avaliação crítica das necessidades. “Existem várias tecnologias que, se forem usadas com correta parcimônia, não causam nenhum prejuízo individual aos pacientes”, esclarece Stefani. Uma das pesquisas discutidas durante o congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica trouxe uma comparação de custos e resultados de tratamentos em mais de 1,6 mil pacientes com câncer de cólon avançado, abrangendo Estados Unidos e Canadá. Os tratamentos adotados no Canadá, que tem um sistema de saúde maioritariamente de pagador público único, custaram a metade (US$ 6.195) do valor despendido nos Estados Unidos (US$ 12.345). O que chamou a atenção é que os resultados em termos de sobrevida global foram equivalentes. “Com uma população envelhecendo e câncer se tornando a principal causa de morte, a viabilidade econômica de prover tratamentos adequados só será possível se tivermos um sistema com alta efetividade, sem mau uso de recursos e com um orçamento realista”, defende Stephen Stefani.
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