Debate sobre etarismo estimula contratação de profissionais 50+
Provocadas pelo debate sobre o etarismo no mercado de trabalho brasileiro, país em que 26% da população tem mais de 50 anos, empresas de diferentes setores têm feito movimentos para ampliar a diversidade etária das equipes. Alinhada com os preceitos ESG, de governança, sustentabilidade e responsabilidade social, a estratégia de contratação de profissionais 50+ está em programas de grandes companhias, como Pepsico, Credicard e Kimberly Clark, e também em empresas regionais, que buscam mão de obra especializada e o equilíbrio entre diferentes gerações no ambiente organizacional. Uma pesquisa de 2022, da empresa de auditoria EY Brasil, feita com 200 grandes empresas brasileiras, apontou para a enorme dificuldade de inserção no mercado de trabalho dos profissionais com mais de 50 anos.
Apenas de 6% a 10% das companhias entrevistadas contratam pessoas nessa faixa de idade. Cerca de 78% das empresas se consideram etaristas, ou seja, têm preconceito com relação às pessoas por conta da idade avançada e até admitem que possuem barreiras de acesso aos profissionais com mais idade. Isso acontece em um cenário de aumento da população idosa no país. De acordo com a PNAD Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população com 60 anos ou mais corresponde a 14,7% do total. Na Região Sul, a parcela nessa faixa de idade soma 16,5%. "Na hora da contratação, a gente não olha para a idade da pessoa, mas para o compromisso que ela demonstra. Em geral, agregadas à maturidade e ao conhecimento que esses profissionais acima de 50 anos trazem, destacam-se qualidades como a paciência e organização", diz Ilso Gonçalves, empresário paranaense que dirige uma rede de imobiliárias em Curitiba.
Com 30 anos de atividades, a JBA Imóveis tem 218 funcionários, dos quais 88, ou 40,3% estão acima dos 50 anos. Desses, 83% atuam como corretores de imóveis no setor de vendas, o carro-chefe da empresa. Os percentuais superam com folga a média de 10% encontrada no Brasil por um estudo da plataforma de realocação Maturi e EY Brasil. O caso que mais orgulha a empresa em sua política de inclusão é o do corretor Manoel Germano. Aos 86 anos, ele soma 24 anos na imobiliária e se mantém ativo, embora trabalhando de forma remota desde a pandemia. Já a corretora Isa Oliveira, voltou ao mercado após os 50 anos, após duas décadas de afastamento. "Eu me senti mais segura pela oportunidade de atuar em uma empresa que não olha para a idade da gente e nos ajuda na qualificação, com cursos, palestras e treinamentos", revela.
No caso do Grupo Marista, o Relatório de Sustentabilidade de 2022, divulgado em agosto, mostra com clareza o compromisso institucional com o combate o etarismo. O Programa de Diversidade e Inclusão – que abrange os pilares de raça e etnia, gerações (jovem aprendiz e +50), pessoas com deficiência (PcD) e equidade de gênero – aponta que os colaboradores com idades entre 30 e 50 anos foram a maioria na instituição, representando 62% do total. Esse mesmo grupo teve um crescimento em cargos de liderança, com destaque para o aumento da liderança entre as mulheres, alcançando quase 17% de mulheres em cargos de chefia, sendo 34% deles na diretoria ou em funções estratégicas.
Com 13.134 colaboradores nas áreas da educação, saúde e institucional - 6% a mais do que em 2021 -, o Grupo Marista vem buscando crescer nos indicadores de fortalecimento da pauta ESG. Focada em sustentabilidade, a sigla vai muito além, tratando também de processos e, consequentemente, de cultura interna. "Uma das ações que desenvolvemos para analisar, controlar e melhorar os indicadores de inclusão é o Censo de Diversidade Marista. O levantamento nos trouxe um retrato fiel do Grupo e, a partir dele, traçamos estratégias para trabalharmos de forma assertiva e transparente nos próximos anos", informa o CEO Maurício Zanforlin.
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