O triunfo do nazi-fascismo em Paris
De Paris (França)
A força da juventude é mesmo um prodígio da natureza. Imaginem vocês que o que Hitler e o III Reich não conseguiram, moças e rapazes estão conseguindo fazer aqui às margens do Sena, nos grandes bulevares e nas calçadas de Paris, sob um prístino céu de primavera. Certos de que eles e elas serão o futuro, e de que o Codiv-19, no fundo, é uma mãozinha do destino para que se desvencilhem de seus pais sem ter de chegar aos extremos da jovem Von Richthofen, eis que, agora liberados do confinamento, eles correm bem a nosso lado, logo dos "vulneráveis" e, arfantes e bufantes, energéticos e confiantes, aspergem gotículas de seus corpos malhados, sem fazer caso se elas podem ou não ter um efeito contaminante sobre nós.
Mas, afinal, quem somos nós? Os homens e as mulheres de ontem. Diabéticos, cardíacos, asmáticos, obesos e idosos - mas que ainda não estamos loucos -, abrimos alas para que desfile o tropel wagneriano. E esgueirando-nos pelos espaços invisíveis, fazemos vênia ao comboio imperial, não rara vez alinhado em duplas ou trincas ruidosas e altissonantes, soberbas e onipotentes. "Morram, velhos, sumam, inutilidades. Vão mais cedo para o cemitério e desonerem a saúde pública de cuidar de seus pulmões arquejantes, de seus rins preguiçosos, de seus corações cansados, de seus cérebros de antigamente." Cronometrando a corrida, eles se congratulam com o Covid-19, e parecem querer lhe dizer que continue matando. Poupem-se-lhes dois ou três próximos. O resto, pode levar.
E por que o nazi-fascismo? Porque eles agem como se fossem filhos diletos de um experimento bem-sucedido de eugenia e de depuração da raça. Quem somos nós para lhes impedir de se empavonarem de sua superioridade? Homens do amanhã, crentes de que seu passaporte para 2060 está válido até que cheguem, cronologicamente, às faixas provectas, eles exsudam saúde e soberba, "hubris" e virulência. Quando sacodem suor pelas ruas como se fosse água benta, eles querem, instintivamente, delimitar espaço e marcar território. Sei que o mundo mudou. Uma vez voltei correndo do colégio porque estava atrasado. Meu pai viu a cena e, chegando em casa, tive de dar explicações. Acaso roubara alguma coisa? Onde já se viu um menino grande desses atropelando as pessoas nas calçadas?
Só não esqueçam eles que o nazi-fascismo só triunfou por uns tempos. E que o vírus pode também pegar um deles para que não brinquem de Deus antes da hora.
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