Dólar bate mais um recorde e fecha em R$ 5,84
O corte maior que o esperado e a indicação de novas reduções na taxa Selic (juros básicos da economia) pelo Banco Central (BC) provocaram uma fuga de recursos do país que pressionou o câmbio e fez o dólar bater mais um recorde. O dólar comercial encerrou esta quinta-feira (7) vendido a R$ 5,84, com alta de 2,4%. Esse é o maior valor nominal (sem considerar a inflação) desde a criação do real. O euro comercial fechou a R$ 6,336, um avanço de 2,6%. A libra comercial encerrou o dia vendida a R$ 7,214, com alta de 2,2%.
O dólar operou em alta durante toda a sessão. Na máxima do dia, por volta das 11h30, superou os R$ 5,87. No início da tarde, a moeda desacelerou a alta depois de o presidente Jair Bolsonaro declarar que pode vetar a retirada de algumas categorias de servidores públicos estaduais e municipais do congelamento de salários, que consta do pacote de ajuda a governos locais aprovado na quarta-feira (6) pelo Senado. A cotação, no entanto, voltou a subir com mais intensidade perto do fim das negociações.
A moeda norte-americana acumula alta de 45,5% neste ano. O Banco Central (BC) interferiu pouco no mercado. A autoridade monetária fez dois leilões de contratos novos de swap cambial – que equivalem à venda de dólares no mercado futuro – e rolou (renovou) cerca de US$ 500 milhões de contratos antigos que vencerão em junho.
Os investidores repercutiram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que reduziu a Selic (taxa básica de juros) para 3% ao ano. Segundo o boletim Focus, pesquisa do BC com instituições financeiras, a maioria das instituições apostava que a taxa cairia para 3,25%. Além de reduzir a taxa além do estimado, o BC indicou que pretende promover um novo corte de até 0,75 ponto percentual em junho, o que poderia levar a Selic para 2,25% ao ano. Juros mais baixos tornam menos atrativos os investimentos em países emergentes, como o Brasil, estimulando a retirada de capitais estrangeiros. A revisão para baixo da perspectiva da nota do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch, divulgada terça-feira (5) à noite, também provocou turbulências no mercado. As tensões políticas internas também interferiram nas negociações.
Bolsa de valores
O dia foi marcado por perdas no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3 (bolsa de valores brasileira), fechou esta quinta-feira aos 78.119 pontos, com queda de 1,2%. O indicador chegou a operar em leve alta, por volta das 15h, mas despencou nas horas seguintes. O Ibovespa não se beneficiou do clima mais tranquilo no mercado externo. Influenciado pela perspectiva de que diversos estados norte-americanos amenizem as medidas de distanciamento social, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, encerrou o dia com ganho de 0,9%. Há várias semanas, mercados financeiros em todo o planeta atravessam um período de nervosismo por causa da recessão global provocada pelo agravamento da pandemia do novo coronavírus.
As interrupções na atividade econômica associadas à restrição de atividades sociais travam a produção e o consumo, provocando instabilidades. No entanto, o relaxamento de restrições em vários países da Europa e regiões dos Estados Unidos, após a superação do pico da pandemia, tem amenizado o impacto sobre os mercados globais.
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