O caso do polêmico abaixo-assinado
O doutor Apolônio era o típico advogado de bairro, também chamado “porta de cadeia”, com clientela humilde e tratando os dramas humanos com sua experiência de vida e a malandragem que acumulou ao longo dela. Numa tarde, ele irrompeu indignado na ...
O doutor Apolônio era o típico advogado de bairro, também chamado “porta de cadeia”, com clientela humilde e tratando os dramas humanos com sua experiência de vida e a malandragem que acumulou ao longo dela. Numa tarde, ele irrompeu indignado na delegacia, acompanhado de um cliente, para protestar que a boate dele havia sido fechada. Perorava dizendo que fora uma injustiça.
O delegado, que conhecia bastante o advogado e também a tal espelunca, mostrou um abaixo-assinado dos vizinhos, que pedia que fechassem o local diante do barulho e perturbação da ordem. O doutor Apolônio olhou o papel, mostrou ao cliente e teatralizando atirou na mesa do policial, dizendo que não poderia ser verdade, reiterando o pedido de reabertura do inferninho. O delegado assumindo uma postura de neutralidade disse a eles:
– Aqui há 25 assinaturas pedindo para fechar o local; se for verdade o que o senhor diz, então me tragam uma lista com o dobro de assinaturas, que eu libero e mando abrir.
Para surpresa da autoridade, o advogado respondeu:
–Pode deixar, vou trazer.
No outro dia chegou à delegacia uma lista com 51 assinaturas, dizendo que nada tinham em desabono em relação a tal espelunca, que não os perturbava.O delegado mandou o comissário conferir se as assinaturas eram verdadeiras e de vizinhos. O agente voltou e, para surpresa geral, confirmou que tudo era verídico.
Então o doutor Apolônio foi chamado. O delegado disse a ele:
– Eu prometi reabrir com um abaixo assinado maior, recebi esse aí que achei que era frio, mandei ver e é quente, mas só vou liberar o local se tu me explicares o que está acontecendo...
O velho advogado, sorrindo, disse à autoridade policial:
- Vou contar para o senhor que é meu amigo. O dono da boate é um antigo cliente, que vive me devendo e eu estava precisando de dinheiro... Então eu fiz a primeira lista... aquela era a fria.
*Leo Iolovitch é advogado.
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