Estudo sugere divisão da Malha Sul

Opção seria importante para o Paraná que origina 75% das cargas transportadas
Uma parte da ferrovia ligaria Paraná e Santa Catarina e outra concentraria somente com o Rio Grande do Sul

Um estudo inédito, conduzido pela Fiep em parceria com as demais entidades do setor produtivo, revela, em detalhes, um diagnóstico da Malha Sul ferroviária, que corta o Paraná e atravessa Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. O contrato de concessão deste trecho vence em fevereiro de 2027. O material entregue a lideranças do governo paranaense contempla números e sugestões que podem ser incorporadas à construção da modelagem da nova concessão ferroviária, além de detalhes sobre as necessidades que o setor produtivo possui e que podem ser atendidas no curto, médio e longo prazos. O presidente Edson Vasconcelos destacou que o momento atual é uma janela de oportunidades para que os gargalos logísticos ferroviários sejam debatidos, corrigidos e que a interconexão modal no estado tenha uma solução efetiva. "Temos como vantagem o fim da atual concessão. Para crescermos e atrairmos investimentos é necessário contarmos uma infraestrutura ferroviária moderna. Por isso é urgente que as questões prioritárias sejam discutidas agora, antes do novo processo de concessão da Malha Sul", disse o presidente do Sistema Fiep.

O estudo avaliou a extensão total da Malha Sul, que se estende por sete mil quilômetros, sendo dois mil no Paraná, 1.300 em Santa Catarina e três mil quilômetros no Rio Grande do Sul. Porém, do total das 21 milhões de toneladas de cargas transportadas por toda a extensão da ferrovia, mais de 75% são oriundas do Paraná. A opção interessante, segundo a Fiep, para concentrar os investimentos no Paraná é desmembrar a ferrovia em duas partes como era antes da concessão. Uma parte só entre Paraná e Santa Catarina e outra somente com o Rio Grande do Sul. A pesquisa analisou que a prioridade de momento é eliminar os gargalos da ferrovia, como a chegada a Paranaguá e o trecho na Serra da Esperança, em Guarapuava, no Centro-Sul do estado. Estas são necessidades de curto prazo.

Foram ouvidos embarcadores em todas as regiões do estado que responderam a três perguntas principais. Uma primeira para saber se há demanda de cargas. A segunda se haveria capacidade de carregamento no interior. E uma terceira se haveria capacidade de descarga nos portos e o que deve ser feito para melhorar esse processo. Foram avaliadas demandas de embarcadores de diversos tipos de cargas como grãos açúcar, fertilizantes, bovino, suíno, aves, produtos químicos, celulose, produtos florestais, e também, avaliada a questão de origem e destino dos produtos no Paraná e em estado vizinhos como Mato Grosso do Sul e até de outros países.

O estudo apontou a quantidade de cada produto que é transportado por ferrovia, como a soja (21%), farelo (18%), milho (23%), açúcar (81%), celulose (45%), fertilizantes (2%), linhos (7%). Sobre outras cargas, apenas 12% dos contêineres que chegam a Paranaguá vão por trem. Há potencial, mas é preciso adequar as condições de transporte e armazenamento às necessidades da carga, a exemplo de contêiner refrigerado. Sobre origem e destino, o estudo mostrou que 75% das cargas que chegam ao Porto de Paranaguá são originadas dentro do estado. Outros 7% do Mato Grosso, 6,5% do Mato Grosso do Sul, além de Rio Grande do Sul, São Paulo e demais estados. O estudo concluiu que Paranaguá recebe 12 milhões de toneladas por ferrovias e 51 milhões de toneladas por rodovias. Em 2030, a projeção da curva de crescimento é chegar a 80 milhões de toneladas de cargas no porto, sendo que os dois modais devem crescer. O rodoviário de 51 milhões para 55 milhões de toneladas transportadas. E o ferroviário de 12 para 24 milhões de toneladas transportadas.

O estudo também projetou a carga que é captável para ser feita por ferrovia nos próximos anos. O milho pode evoluir 50% na quantidade que é transportada hoje por ferrovia. Contêineres, evoluir para 30% sua capitalidade. Com isso, o Paraná conseguiria sair de 12 milhões de toneladas de cargas por ferrovia hoje e chegar em 24 milhões em 2030, sendo 38% do total de cargas do estado até o porto transportadas por modal ferroviário. O estudo concluiu ainda que há demanda para o modal ferroviário no estado, capacidade de 30 milhões de toneladas de carga para Paranaguá e São Francisco do Sul, em Santa Catarina em 2030. Sendo 25 milhões para Paranaguá e 5 milhões para São Francisco do Sul. A capacidade de carregamento no interior do estado para estas cargas foi apontada como suficiente para atender à demanda.

Foram citados a capacidade de descarga no porto de Paranaguá e os projetos previstos, como a obra do Moegão, que terá três linhas diferentes, com capacidade de movimentar cerca de duas mil toneladas por hora cada uma. Ela servirá para ampliar a capacidade de descarga de vagões que chegam ao porto, dando maior celeridade nos processos do corredor de exportação. São R$ 600 milhões de investimentos e previsão de conclusão no segundo semestre de 2025. Há outras obras de melhoria previstas no corredor Oeste e em outras áreas do porto. Por fim a pesquisa encomendada pela Fiep mostrou que o custo logístico atual para transporte é de US$ 97 por tonelada de carga transportada. Com a intermodalidade, uso maior das ferrovias, é possível chegar ao preço de US$ 93 por tonelada, ganhando em escala. E com as correções dos gargalos e investimentos no curto e médio prazo, o valor pode cair a US$ 82 por tonelada. São US$ 15 a menos por tonelada, que considerando o montante exportado pelo estado, pode chegar a R$ 1,6 bilhão de economia.

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Quinta, 12 Dezembro 2024

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