Situação da indústria melhora em junho
A Sondagem Industrial, pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que o melhor desempenho do setor desde o início da pandemia ocorreu em junho. Os dados se deslocaram totalmente dos piores momentos, embora ainda deixem claro o cenário de recessão. Foram entrevistadas 1.880 empresas (754 pequenas, 658 médias, 468 grandes) entre 1º a 13 de julho.
Os índices de produção e de emprego apontam para o esforço de reação do setor industrial. A produção alcançou 52,8 pontos em junho, dentro de um intervalo de 0 a 100, e acima da linha divisória de 50 pontos. Dados acima dessa linha indicam aumento da atividade industrial. O índice de evolução do número de empregados está 46,9 pontos, no entanto, a queda do emprego em junho ocorreu de forma menos intensa e menos disseminada do que nos meses anteriores.
O percentual de utilização da capacidade instalada (UCI) atingiu 62%. O aumento mostra uma recuperação significativa do indicador, após as quedas expressivas. O UCI está quatro pontos percentuais abaixo do nível de junho do ano passado. Em abril, a diferença era de 17 pontos percentuais em relação a abril de 2019. Mesmo assim, os estoques continuaram a cair e estão abaixo do nível planejado pela indústria.
"A queda de estoques reflete o desaquecimento da economia, pois manter é caro e exige capital de giro. É uma situação semelhante com a que ocorreu na crise de 2014. Na realidade, tudo indica que teremos uma melhora bem lenta da economia daqui para frente", avalia Marcelo Azevedo, gerente de Política Econômica da CNI.
Falta de demanda
A falta de demanda no Brasil, restringida pelas medidas de distanciamento social, segue na primeira posição no ranking de principais problemas enfrentados pela indústria no segundo trimestre e foi indicada por 38,3% dos entrevistados. A elevada carga tributária foi assinalada por 32% das empresas no segundo trimestre. A Sondagem Industrial também mediu falta ou alto custo da matéria-prima, taxa de câmbio, inadimplência dos clientes, falta de capital de giro e burocracia.
Ainda sob os efeitos da pandemia, os empresários continuam a demonstrar grande insatisfação com sua situação financeira e a margem de lucro operacional de seus negócios. O acesso ao crédito tornou-se ainda mais difícil e recuou no trimestre: queda de 0,7 pontos para 33,1 pontos. Em relação ao último trimestre de 2019, o índice registra queda acumulada de 10,1 pontos.
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