Santa Catarina perde 165 mil empregos na indústria com crise do coronavírus
A crise do coronavírus já custou 165 mil empregos na indústria de Santa Catarina. Esse número representa uma redução de 21% na quantidade de trabalhadores formais no setor, que fechou 2019 com 786 mil empregados e agora está com 621 mil, mostra pesquisa feita pelo Observatório da Federação das Indústrias (Fiesc), divulgada nesta quinta-feira (16). A análise, que mede os impactos após o início do período de isolamento, mostra ainda que houve retração de R$ 3,4 bilhões na produção industrial, diminuição de R$ 3,1 bilhões nas vendas no mercado interno e redução de R$ 327 milhões nas exportações industriais. O total do prejuízo é de R$ 5,8 bilhões. A amostra da pesquisa é formada por 740 empresas respondentes, das quais 8,1% são grandes, 37,6% médias e 54,3% pequenas, de 129 municípios catarinenses. O estudo foi feito entre 17 de março e 16 de abril e mede os impactos após o início do período de isolamento.
"Passado um mês do início da crise, uma série de pleitos encaminhados pela indústria buscando a sobrevivência das empresas e a manutenção dos postos de trabalho segue sem respostas", avalia Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc. Ele se refere a questões como a postergação e parcelamento do recolhimento do ICMS e das faturas de energia elétrica, por exemplo. Aguiar recordou que o Badesc liberou uma linha de R$ 50 milhões para auxiliar micro e pequenas empresas, porém as solicitações ultrapassaram os R$ 500 milhões. O levantamento informa que, dos 17 setores consultados, os mais impactados do ponto de vista do emprego são equipamentos elétricos (-41,7%), confecção (-41,4%), automotivo (-39%), madeira (31,3%), bebidas (-29,3%), móveis (27,6%), cerâmica (-27%) e construção civil (-23,8%).
Para Aguiar, as demissões foram tão rápidas, pois os empresários viram necessidade de adequar os quadros à capacidade produtiva atual. "O empresário tem todo interesse na manutenção dos postos de trabalho até pelo fato que um colaborador precisa, em média, de oito meses de treinamento para ter todas as habilidades no chão de fábrica", explica. O presidente da Fiesc preferiu não prever o número total de demissões, caso a pandemia se estenda até junho, como tem afirmado o Ministério da Saúde. "Tudo ainda é muito novo. Por exemplo, seria preciso identificar os contaminados e aplicar o tratamento adequado. Em Santa Catarina muitos dos municípios não registram casos da Covid-19. Seguramente um controle de acesso pudesse ser perfeitamente possível nessas localidades", propõe.
"Em conversas que tive com alguns empresários, a economia poderá ser retomada no segundo semestre e eles poderão recontratar. Alguns bancos também já avaliam que o próximo ano será de crescimento, ainda que vindo de um período recessivo", contou na live acompanhada por AMANHÃ. Aguiar também entende que as indústrias brasileira e catarinense terá de trabalhar de modo a ser menos dependente de insumos produzidos na China. Para o diretor de inovação da Fiesc, José Eduardo Fiates, a indústria em Santa Catarina passará por seu "New Deal", fazendo referência ao nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do presidente Franklin Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-americana, além de auxiliar os prejudicados pela Crise de 1929. "Assim que a questão da saúde for resolvida, a indústria catarinense terá de reagir rapidamente – até mesmo com alguns setores se reinventando totalmente", prevê.
Ainda na análise, as empresas sugerem medidas que poderiam ser adotadas em âmbito municipal, estadual ou federal para minimizar os impactos. Entre elas, destacam-se: isolamento vertical (26% dos respondentes), incentivos fiscais (15,8%), flexibilização do acesso ao crédito (15,3%) e retorno gradual às atividades (11,5%). As indústrias também avaliaram as medidas dos governos para o enfrentamento da pandemia: em relação às ações do governo federal, 62,8% consideram positivas e 26,6% avaliam como negativas. Quanto ao governo estadual, 67,4% consideram as medidas negativas e 24,6% avaliam como positivas. Em relação às ações municipais, 39,3% consideram negativas e 42,4% positivas.
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