Guerra na Ucrânia preocupa o setor automotivo
Depois de um primeiro mês mais fraco, a indústria automobilística apresentou discreta melhora nos indicadores em fevereiro, de acordo com o balanço divulgado nesta terça-feira (8) pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Mesmo com um dia útil a menos, a produção de 165,9 mil unidades cresceu 14,1% em relação a janeiro. O primeiro bimestre do ano tem desempenho 21,7% inferior ao do mesmo período de 2021, quando não havia uma crise de abastecimento de semicondutores, nem mesmo uma variante tão contagiosa da Covid-19 como a ômicron, que recentemente afastou muitos funcionários da linha de montagem.
Já os licenciamentos totalizaram 129,3 mil veículos, 2,2% a mais que em janeiro e 22,8% a menos que em fevereiro do ano passado. "As notícias de que o IPI automotivo estava prestes a ser reduzido fizeram com que muitos clientes adiassem a concretização do negócio", explica Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea. A expectativa é uma reação melhor do mercado em março, um mês mais longo, sem feriados, com vários modelos com preços reduzidos nas lojas e historicamente mais aquecido que janeiro e fevereiro.
Um resultado bem mais expressivo veio das exportações, com 41,4 mil unidades enviadas a outros países, 49,6% a mais que em janeiro e 25,4% superior a fevereiro de 2021. No acumulado do bimestre, os embarques cresceram 17,3% sobre igual período do ano passado, num esforço das empresas para cumprir contratos atrasados por conta da pandemia e das quebras na cadeia logística. Já os estoques nas fábricas e nas redes de concessionárias cresceram de 114,4 mil veículos em janeiro para 120,1 mil no fim de fevereiro, permitindo leve redução nas filas de espera para os modelos de maior procura e lançamentos recentes.
Redução do IPI e guerra na Ucrânia
O setor automotivo foi surpreendido por duas notícias simultâneas no fim de fevereiro: uma muito positiva e a outra alarmante. A boa nova foi a redução de 18,5% do IPI para automóveis e comerciais leves. "É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária sobre a indústria de transformação no Brasil. A redução do Custo Brasil, embora ainda tímida, é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo", afirmou Moraes.
Por outro lado, o setor vê com enorme perplexidade a invasão da Ucrânia pela Rússia. "Ainda é cedo para avaliarmos os inevitáveis reflexos negativos sobre a economia global e sobre o fluxo da cadeia logística do nosso setor, mas estamos atentos e preparados para mitigar os danos e buscar alternativas em caso de falta de insumos ou componentes", prometeu o presidente da Anfavea.
Comentários: