O que é que Assaí tem?
Em fevereiro deste ano, o Intelligent Community Forum (ICF) – Fórum de Comunidades Inteligentes, organização sem fins lucrativos canadense voltada para a pesquisa de políticas de comunidades inteligentes, anunciou os selecionados da Smart21 Communities of 2023, lista que seleciona anualmente as 21 comunidades mais inteligentes do mundo. O fórum explica que as regiões selecionadas vêm construindo um sistema econômico inclusiva, saúde social e riqueza cultural, fatores que geram comunidades mais fortes e resilientes. Neste ano, um aparente azarão chamou a atenção de quem acompanhou a divulgação da lista. Afinal, o que é que Assaí tem para figurar neste ranking de gigantes? Com apenas 17 mil habitantes, a cidade paranaense parece uma escolha improvável para ser nomeada entre outras da Austrália, Canadá e Estados Unidos, que praticamente dominam o ranking. Mas, ao olhar mais de perto as diversas iniciativas e inovações implementadas na cidade, a indicação passa a fazer todo o sentido.
Constituída por uma colonização japonesa, o valor dado à educação na pequena Assaí explica todo o envolvimento da cidade com a tecnologia e inovação. É uma das poucas cidades brasileiras com uma escola técnica – que, em 2018, começou a ganhar grande destaque em hackathons e na qualidade de ensino. Deste embrião, o município foi entendendo sua vocação de formação técnica e profissional para o mercado, se fortalecendo com ambientes promissores de inovação, que estão sendo construídos desde o ano passado. Assim nasceu o Vale do Sol, ecossistema de inovação e transformação digital da cidade, constituída por quatro habitats: Agro, Gov, Edu e Lab. Com um diploma normativo atualizado, o governo de Assaí uniu um cluster de empresas (93 instituições, sendo 28 big techs) a uma forte hélice acadêmica (constituída por instituições de ensino superior, públicas e privadas). Com toda essa essência, o mercado começou a utilizar a cidade como um grande living lab aberto. Por conta disso, hoje, Assaí se rotula como a primeira cidade-laboratório do país.
O fim da fuga de cérebros
A instituição do rótulo busca alcançar dois objetivos da cidade: a retenção de capital humano e o aumento da empregabilidade local. "Como temos uma propaganda consolidada da nossa educação, muitas empresas vinham para cá fazer scouting dos nossos alunos, levando-os para Londrina, Curitiba, São Paulo, etc. Com isso, não tínhamos retorno do investimento público, comprometendo nossa renda e fazendo, inclusive, com que muitos japoneses retornassem para o Japão", relembra Igor Oliveira, secretário de ciência, tecnologia e inovação de Assaí. "O Ecossistema do Vale do Sol vem ressignificando essa imagem, pois estamos conduzindo nossa formação para experimentações locais, trazendo o setor privado para perto através dos nossos novos ambientes promotores de inovação. Desta forma, o empresário não precisa mais tirar o profissional daqui, pois dentro dos nossos ambientes estruturamos a cultura do teletrabalho, cedendo área de trabalho para estes profissionais e, assim, reduzindo custos para as empresas parcerias", completa o secretário. A partir disso, a cidade, sob comando do prefeito Michel Ângelo Bomtempo (PSD), construiu uma agenda estratégica com visão de futuro até 2030, estruturando uma governança forte para garantir sustentabilidade. Também foi implementado um painel de controle com cenários exploratórios para acompanhar indicadores em tempo real, planejando ações de desempenho e avaliando os impactos de desenvolvimento.
A primeira cidade cashless do Brasil
Outro projeto ambicioso é se tornar a primeira cidade cashless do país, isto é, dar fim ao uso de notas de dinheiro em suas transações. Oliveira conta que está sendo construído um cadastro próprio dos cidadãos assaienses, com uma carta de serviços estruturada em níveis de confiabilidade. O cadastro é dominado Gov.Assai, segmentado pelos níveis 1, 2 e 3. Através dele e em parceria com a Mastercard, será distribuído um cartão para cada cidadão de Assaí, que servirá como identidade local, meio de acesso às políticas públicas, meio de recebimento dos benefícios municipais e acesso ao Girassol, programa de milhagens e fidelidade municipal. Ainda será disponibilizado, no varejo local, um Cartão Visitante, que será um passaporte de descontos, com acesso Wi-Fi e outros serviços dentro da cidade. A meta é concluir o Gov.Assai até o final de abril e ativar os cartões já no segundo semestre.
Um grande reconhecimento
Somando todos estes fatores, é seguro afirmar que Assaí vem construindo uma bela literatura de cidade inteligente direcionada para cidades pequenas, demonstrando que é viável e saudável a aplicação de um governo como plataforma, com ênfase em dados. "Acredito que todo este quadro, associado aos nossos indicadores de desenvolvimento social, contribuíram para a escolha da cidade no ranking", avalia Oliveira. Segundo ele, a indicação coloca Assaí no mapa de referência de cidades inteligentes. "Fomos a única cidade da América Latina abaixo de 20 mil habitantes indicada. Isso tem muita relevância", garante.
E a visibilidade oferecida pelo reconhecimento do ranking já favoreceu a cidade, considerando o olhar especial do governo do estado do Paraná; o investimento que vem sendo apontado pelo mercado para Assaí; e internacionalmente, considerando que representantes da cidade foram convidados para participar da governança de inovação da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos. Após a seleção das 21 comunidades, analistas do ICF vão escolher as sete mais inteligentes do ano, que serão anunciadas em junho, em um evento em Ontário, no Canadá. Resta aguardar para descobrir se Assaí fará parte do ranking final – e quais outras inovações a pequena grande cidade vem preparando.
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Comentários: 1
Nosso Brasil em desenvolvimento com sustentabilidade e resiliência. Parabéns ao governo e cidadãos de Assaí.