Empreendedorismo de cooperativas ganha espaço
Quando se fala em empreendedorismo, é comum fazer uma associação com o Vale do Silício, região da Califórnia reconhecida mundialmente como um dos principais polos de inovação e tecnologia. Em outros países, no entanto, vem sendo notado um outro movimento: o "vale do silêncio". É assim que Thiago Pandolfo, head de inovação do Sicredi, se referiu ao empreendedorismo dos cooperativos durante conversa no palco SebraeX, no Gramado Summit, na quinta-feira (13). "Existem dois tipos de empreendedores. O de startup, que tem estrutura e processo de base e todo um ecossistema de suporte, e o cooperativo, que geralmente empreende por necessidade", classifica. Através de uma empresa de propriedade coletiva gerenciada de forma democrática, o principal objetivo das cooperativas é atender às necessidades e aspirações de seus membros, promovendo o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida das comunidades em que atuam.
Na Europa, algumas cooperativas vêm fazendo, inclusive, contrapontos a startups que, mesmo inovando na época em que surgiram, acabaram gerando outros problemas às comunidades. É o caso do Fairbnb (um trocadilho com Fair, justo e Airbnb), utilizado em cidades turísticas como Barcelona e Veneza, onde a gentrificação e o turismo dificultaram a vivência dos próprios nativos. "As pessoas sublocam imóveis no Airbnb, então não sobram [imóveis] para os moradores. O foco [do Fairbnb] é o turismo sustentável, e o que une eles é um manifesto e objetivo em comum. Não são apenas os donos dos imóveis que investem nele, e sim vários tipos de sócios com um ideal", exemplifica Mário de Conto, superintendente da Sescoop-RS. Para ele, as cooperativas refletem, inclusive, um sentido ainda mais fidedigno ao empreendedorismo. "Muito se fala da economia compartilhada nos ecossistemas de inovação, mas esse fascínio pela tecnologia reduz as ideias a um único empreendedor, quando na verdade nada é feito sozinho. Temos de trazer a possibilidade desse empreendedorismo ser feito coletivamente. Uma pessoa pode ter uma grande ideia, mas o que faz essa ideia possível é a capacidade de execução", defende.
Gustavo Mendes, cofundador da Coonecta, ressalta que o cooperativismo é versátil e se adapta a diferentes modelos de negócio. "É uma reunião de pessoas, principalmente, que começa para atender os objetivos econômicos e sociais desse grupo, unindo forças entre trabalhadores e pessoas com atuação semelhante que precisam investir numa tecnologia ou plataforma", define, alertando para a necessidade de se prestar atenção a esse novo ecossistema de inovação cooperativista que surge e pode proporcionar diversos benefícios às comunidades. "Como a empresa nasce da necessidade; o empreendedor do agro investe no agro. O associado é um agricultor, tem um background diferente. Precisamos olhar para isso", pontua Pandolfo, revelando que vem trabalhando na ideia de criar um programa de aceleração para cooperativas.
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