Inflação fica em 0,47% em maio
A inflação ficou em 0,47% em maio, após ter alcançado 1,06% em abril. No ano, o indicador acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%, abaixo dos 12,13% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em maio de 2021, a variação havia sido de 0,83%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE.
Em maio, a maior variação veio do grupo vestuário, com alta de 2,11%. Já o maior impacto veio dos transportes (1,34%), que desaceleraram em relação ao mês anterior (1,91%). No caso dos transportes, a alta foi puxada pelas passagens aéreas (18,33%), que já haviam subido em abril (9,48%), juntamente com os produtos farmacêuticos, que subiram 2,51% e fazem parte do grupo saúde e cuidados pessoais (1,01%).
"Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio. A alta deve-se a dois fatores: elevação dos custos devido ao aumento nos preços dos combustíveis; e pressão de demanda, com o aumento do consumo, após um período de demanda reprimida por serviços, especialmente aqueles prestados às famílias. Isso impacta, também, alimentação fora do domicílio e itens de cuidados pessoais", explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
No caso dos produtos farmacêuticos, foi autorizado em abril um reajuste de até 10,89% no preço dos medicamentos. Esse reajuste pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido menor neste último mês. "Mas como o segmento tem peso, acaba impactando bastante", justifica o gerente do IPCA.
Outro destaque em maio foi a desaceleração do segmento de alimentos e bebidas, que registrou 0,48%, frente à alta de 2,06% em abril. Kislanov explica que produtos que vinham subindo bastante tiveram quedas expressivas em maio, a exemplo do tomate (-23,72%), da cenoura (-24,07%) e da batata-inglesa (-3,94%). Ele observa que existe um componente sazonal porque, normalmente, o início do ano é marcado por preços mais altos dos alimentos devido a questões climáticas.
"Agora começamos o período de outono-inverno que é mais seco e permite aumentar a oferta de alimentos e reduzir os preços. Outro fator é que os preços de alguns alimentos, como a cenoura (116,37% em 12 meses), subiram muito, o que faz com que a base de comparação seja muito alta. Já o preço do leite continua subindo, devido ao período de entressafra, com pastagens mais secas, e à inflação de custos com a elevação dos preços de commodities como milho e soja, usadas na ração animal", esclarece Kislanov.
Os combustíveis também tiveram desaceleração, após altas expressivas nos preços das refinarias em março, que foram repassadas para o consumidor final em março e em abril. A desaceleração nos preços dos combustíveis (1%) em relação ao mês anterior (3,2%), ocorreu devido especialmente à gasolina, que passou de 2,48% em abril para 0,92% em maio. "Houve, inclusive, queda no preço do etanol (-0,43%), após uma alta de 8,44% em abril. Apesar da desaceleração dos combustíveis em geral, o óleo diesel teve uma alta de mais de 3%. Só que o produto tem um peso pequeno no IPCA, impactando mais transportes pesados como caminhões e ônibus", destaca Kislanov.
O único grupo a apresentar queda foi o de habitação (-1,7%). A queda deve-se à redução nas contas de energia, pelo segundo mês seguido, em função de mudança de bandeira tarifária. Em 16 de abril, cessou a cobrança extra de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos, relativa à bandeira Escassez Hídrica, passando a vigorar a bandeira verde, em que não há cobrança adicional na conta de luz.
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