Copom eleva a taxa Selic para 6,25% ao ano
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, para 6,25% ao ano. A decisão obteve a unanimidade dos membros do colegiado.
Segundo o comunicado emitido logo após o fim da reunião, o Comitê considera que, no atual estágio do ciclo de elevação de juros, esse ritmo de ajuste é o mais adequado para garantir a convergência da inflação para a meta e, simultaneamente, permitir que o Copom obtenha mais informações sobre o estado da economia e o grau de persistência dos choques.
Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado que o ciclo de aperto monetário avance no território contracionista. De acordo com os membros do colegiado, haverá outro ajuste da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para os dias 2 e 3 de novembro.
O comunicado também releva que há dois fatores adicionais de risco para o crescimento das economias emergentes. "Primeiro, reduções nas projeções de crescimento das economias asiáticas, refletindo a evolução da variante Delta da Covid-19. Segundo, o aperto das condições monetárias em diversas economias emergentes, em reação a surpresas inflacionárias recentes", enumeram os membros do Comitê.
"No entanto, os estímulos monetários de longa duração e a reabertura das principais economias ainda sustentam um ambiente favorável para países emergentes. O Comitê mantém a avaliação de que questionamentos dos mercados a respeito dos riscos inflacionários nas economias avançadas podem tornar o ambiente desafiador para países emergentes", avalia.
Em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do segundo trimestre, assim como os indicadores mais recentes, continua mostrando evolução positiva e não enseja mudança relevante para o cenário prospectivo, o qual contempla recuperação robusta do crescimento econômico ao longo do segundo semestre, entende o Copom.
"A inflação ao consumidor segue elevada. A alta nos preços dos bens industriais – decorrente de repasses de custos, das restrições de oferta e do redirecionamento da demanda em direção a bens – ainda não arrefeceu e deve persistir no curto prazo. Nos últimos meses os preços dos serviços cresceram a taxas mais elevadas, refletindo a gradual normalização da atividade no setor, dinâmica que já era esperada", diz outro trecho do comunicado.
"Adicionalmente, persistem as pressões sobre componentes voláteis como alimentos, combustíveis e, especialmente, energia elétrica, que refletem fatores como câmbio, preços de commodities e condições climáticas desfavoráveis", destaca o documento.
Por fim, o Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. "Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento recente nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo do cenário básico", afirma o colegiado.
"Por outro lado, novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país. Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária", revela o Copom.
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