Contas externas têm saldo negativo de US$ 55,7 bilhões em 2022
As contas externas tiveram saldo negativo de US$ 10,9 bilhões em dezembro do ano passado, informou o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2021, o déficit havia sido de US$ 7,7 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países. A diferença na comparação interanual se deve ao superávit da balança comercial, que aumentou US$ 405 milhões, enquanto os déficits em serviços cresceram US$ 1,5 bilhão e em renda primária (lucros e dividendos) recuou US$ 2 bilhões.
Em 2022, o déficit em transações correntes é de US$ 55,7 bilhões, 2,9% do PIB, ante o saldo negativo de US$ 46,4 bilhões (2,8% do PIB) no período equivalente terminado em dezembro de 2021. Esse aumento, de US$ 9,3 bilhões, deveu-se às ampliações nos déficits de serviços (US$ 13 bilhões), e de renda primária (US$ 4,9 bilhões), compensadas parcialmente por aumento de US$8 bilhões no superávit comercial.
O estoque de reservas internacionais atingiu US$ 324,7 bilhões em dezembro de 2022, redução de US$ 6,8 bilhões em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu, primordialmente, de vendas líquidas de US$ 9 bilhões em operações de linhas com recompra, e contribuições negativas das variações de paridades, em US$ 2 bilhões. A receita de juros totalizou US$ 576 milhões.
Revisões
A política do BC estabelece revisão ordinária anual do balanço de pagamentos e da posição de investimento internacional nos meses de julho e novembro. As fontes são os dados definitivos do Censo de Capitais Estrangeiros no País e da pesquisa Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), ambos de 2022, do módulo de pagamento no exterior do Registro Declaratório Eletrônico - Registro de Operações Financeiras (RDE-ROF), da base de dados publicada pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) contendo valores para despesas de fretes e da Declaração sobre a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de Exportações (Derex).
Segundo o BC, devido a erro operacional, extraordinariamente houve revisão da série de câmbio contratado de importação para o período de outubro de 2021 a dezembro de 2022. Por isso, em 2021, o câmbio contratado de importação foi revisto de US$ 215,4 bilhões para US$ 217,2 bilhões, acréscimo de US$ 1,7 bilhão. Em 2022, a mesma série passou de US$ 238,1 bilhões para US$ 250,9 bilhões, aumento de US$ 12,8 bilhões. O saldo líquido total foi reduzido nas mesmas magnitudes.
Na revisão ordinária, com os dados do CBE trimestral, as receitas de lucros de investimento direto do terceiro trimestre de 2022 foram revistas de US$ 6,1 bilhões para US$ 9,2 bilhões, ampliação de US$ 3,1 bilhões. Com os dados mais recentes da DEF, as despesas de lucros de investimento direto também foram revistas, acréscimo de US$ 2,7 bilhões, passando de US$ 13,3 bilhões para US$ 16,1 bilhões. Para o mesmo período, as transações de IDE e de IDP foram revisadas para cima, via lucros reinvestidos, nesses mesmos montantes.
Com Agência Brasil
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