Rio Grande do Sul é mantido todo em bandeira preta até 21 de março

Gabinete de Crise decidiu dar uma previsibilidade para a retomada da cogestão
Leite se reuniu, por videoconferência, com integrantes da Federação das Associações de Municípios e de associações regionais

O Rio Grande do Sul segue em alerta máximo por pelo menos mais duas semanas. Diante dos níveis críticos de ocupação de leitos e velocidade de propagação do coronavírus, o governador Eduardo Leite anunciou que todas as regiões serão mantidas em bandeira preta e sem cogestão regional pelo menos até dia 21. No entanto, a suspensão geral de atividades não essenciais, entre 20h e 5h, ficará vigente até 31 de março para reduzir a circulação de pessoas e, com isso, a circulação do vírus.

A alta taxa de internações é agravada pela velocidade cinco vezes superior na variação diária de hospitalizações: se antes cerca de 60 leitos eram ocupados por dia, agora, são, em média, 350 pacientes a mais diariamente. Como essa variação (diferença entre número de pacientes que entraram e saíram de internações), que começou na metade de fevereiro e segue aumentando, significa que o pico ainda não foi alcançado e que, mesmo depois de alcançá-lo, ainda haverá maior demanda por leitos.

Com base nos dados e no diálogo com prefeitos representantes das 27 associações regionais de municípios e a diretoria da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o Gabinete de Crise decidiu dar uma previsibilidade para a retomada da cogestão e, consequentemente, para que setores sob maior restrição agora possam voltar a operar.

"O que queremos é apresentar uma perspectiva para que possam se organizar, quanto ao tempo em que ficarão parados e que, assim, nos ajudem com a adesão aos protocolos agora. Nossa intenção é que, oferecendo uma luz no fim do túnel, possamos promover melhor engajamento, reduzindo a contestação de determinados segmentos empresariais em função da falta de perspectiva", esclareceu Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul. "Com isso, estamos sinalizando a possibilidade de retomar a cogestão no dia 22 de março desde agora, desde que a gente consiga agora cumprir as restrições, reduzir a circulação de pessoas e, assim, a propagação do vírus, que é a única forma de conter o avanço da pandemia até que consigamos vacinar a população", acrescentou.

Com o possível retorno da cogestão e de os municípios adotarem protocolos menos restritivos, até o limite da bandeira imediatamente anterior, o Gabinete de Crise já anunciou que deverá tornar mais rigorosos alguns protocolos. A medida é pensada considerando que as regiões ainda deverão estar com risco altíssimo (bandeira preta) e, com a cogestão, poderiam adotar protocolos de bandeira vermelha.

"Não podemos sair da bandeira preta direto para o que a bandeira vermelha propõe, porque ainda estaremos em risco altíssimo de contágio e internações. Por isso, além de revisar os protocolos da bandeira vermelha, tornando algumas medidas possivelmente mais restritivas, devemos manter a suspensão geral das atividades das 20h às 5h até o dia 31 de março. Isso é um horizonte, de modo a aumentar a adesão agora", explicou Leite. Além disso, Leite anunciou que determinou à Secretaria da Fazenda (Sefaz) para analisar as possibilidades que o Estado tem para apoiar os empreendedores mais impactados pelas restrições, principalmente quanto às obrigações tributárias.

44ª rodada do Distanciamento Controlado
O cálculo do modelo de Distanciamento Controlado, a partir dos 11 indicadores relacionados à velocidade de propagação do coronavírus e à capacidade de atendimento hospitalar, reforçou a decisão do Gabinete de Crise de manter o Estado todo em bandeira preta pela segunda semana consecutiva. Nesta 44ª rodada, a média para 19 das 21 regiões Covid foi superior a 2,50, o que representa bandeira preta. As exceções foram Bagé e Pelotas, que ficaram com notas compatíveis ao nível de bandeira vermelha.

No entanto, as duas também ficaram em preto devido ao acionamento da salvaguarda que está em vigor desde a semana passada. Segundo a regra, a bandeira de nível máximo é aplicada a todas as regiões quando a razão de leitos livres de UTI sobre leitos ocupados por Covid em UTI seja menor ou igual a 0,35 a nível estadual. Nesta rodada, a taxa ficou negativa, em -0,01, porque a ocupação excedeu os 100%, e bem abaixo da semana anterior, quando a razão ficou de 0,17.

Entre os indicadores que mais chamam a atenção nesta rodada, está o aumento no número de internados em leitos clínicos (+58%) e em UTIs (+50%) e nos óbitos por Covid-19 (+61%). Na 44º semana do Distanciamento Controlado, mesmo com o aumento de 10% no número total de leitos de UTI existentes no Estado e da redução significativa dos internados por outras doenças, a elevação dos pacientes confirmados com Covid em UTI fez com que o número de leitos livres se tornasse negativo, o que indica operação acima da capacidade hospitalar.

Destaques da 44ª rodada
número de novos registros semanais de hospitalizações confirmadas com Covid-19 aumentou 9% entre as duas últimas semanas (de 2.589 para 2.818);
expressivamente em 45% no Estado entre as duas últimas quintas-feiras (de 1.527 para 2.220);
número de internados em leitos clínicos com Covid-19 no RS aumentou expressivamente em 58% entre as duas últimas quintas-feiras (de 2.667 para 4.204);
número de internados em leitos de UTI com Covid-19 no RS aumentou expressivamente em 50% entre as duas últimas quintas-feiras (de 1.343 para 2.015);
número de leitos de UTI adulto livres para atender Covid-19 no RS reduziu expressivamente em 111% entre as duas últimas quintas-feiras (de 229 para um déficit agregado no Estado de 25 leitos de UTI);
número de casos ativos aumentou 54% entre as últimas semanas consideradas (de 24.297 para 37.456);
número de registros de óbito por Covid-19 aumentou expressivamente em 61% entre as duas últimas quintas-feiras (de 541 para 872).

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Quinta, 21 Novembro 2024

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