As empresas devem vacinar seus funcionários?
Tenho muito orgulho em ter vivido as últimas sete décadas focado na qualidade de vida. Devo grande parte disso à ciência que desenvolveu, nesse período, vacinas para inúmeras doenças que surgiram. Por isso, acredito que o movimento hoje existente contra a vacina é um "golpe baixo com roupagem ideológica" ao trabalho de cientistas e um descrédito a nós próprios, seres humanos com capacidade infinita de criação e resiliência. Além dos problemas sanitários que a Covid-19 traz, ela gera problemas econômicos e sociais profundos e a longo prazo. E o mercado de trabalho, naturalmente, também é afetado. Por isso, com o advento da vacina, todos precisamos estar aptos a receber a imunização. Este é o momento de assumirmos nossa responsabilidade, de sermos mais espertos que o vírus, de deixarmos a ideologia de lado e entendermos que a pandemia é um problema de governos de todas as esferas, empresas de todos os portes, sociedade, família e individual. Todos, sem exceção, têm responsabilidade para o freio deste vírus, pois todos podem ser acometidos. Dessa forma, a vacinação precisa abranger o número máximo de pessoas se quisermos efetivamente ter nosso "normal" de volta.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a vacinação contra a Covid-19 é obrigatória visando um bem coletivo. Empresas, ao observarem a decisão, se questionam: mas como obrigar uma pessoa a se vacinar se ela não quiser? A resposta vem do Ministério Público do Trabalho (MPT), que divulgou um guia de recomendações em que as companhias podem se basear. Vale a consulta. O fato é que não há muitas novidades em relação a outros planos de imunização. Há, hoje, muitas restrições para pessoas que rejeitam outros tipos de vacinas. As empresas, obviamente, não podem obrigar ninguém a se vacinar. Contudo, têm o papel de fazer uma comunicação eficiente de esclarecimento envolvendo a equipe interna e, quando possível, até promovendo campanhas de vacinação quando as doses forem disponibilizadas em quantidade farta. O colaborador que mesmo assim se recusar pode até receber uma demissão por justa causa. Não é algo simples, mas pode. Porém, sabe-se que quem se recusa a tomar uma dose para evitar uma doença tão perigosa está pensando somente em si próprio e não no coletivo. O individualismo, hoje, é uma característica bastante rechaçada pelo mercado de trabalho. É claro que, se a pessoa tiver alguma restrição à vacina, é só apresentar um documento e tudo certo. Uma coisa é não poder tomar, outra é não tomar porque o grupo do WhatsApp da família disse que não é confiável. Isso fere a coletividade.
As empresas estão levando tão a sério essa necessidade que já surgem movimentos para aquisição de vacinas para campanhas corporativas internas, assim que isso for permitido. Um dos mais comentados é o liderado pela empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza. Trata-se de uma iniciativa ousada que extrapola os portões das empresas e pretende vacinar todos os brasileiros contra a Covid-19 até setembro. Batizada de Unidos pela Vacina, o projeto é coordenado pelo grupo Mulheres do Brasil, liderado pela empresária e composto por mais de 75 mil mulheres no Brasil e no mundo. Em uma conta na rede social, Luiza afirma que o movimento quer ajudar a garantir que as vacinas cheguem a qualquer ponto do país, superando todo e qualquer obstáculo – e os empresários brasileiros podem contribuir para isso.
Se você é daqueles que acredita que vacina não salva vidas, que cai na arapuca de que tudo foi feito às pressas sem pesquisas, que sua eficácia é duvidosa ou que tudo não passa de uma conspiração, fica uma dica: leia, releia, questione, pesquise, busque entender. Certamente isso vai lhe abrir a mente e você terá muito a contribuir com o mercado de trabalho ajudando a levar segurança ao mundo corporativo. Pessoas que pensam no coletivo são bem-vindas em praticamente 99% das empresas. Pense nisso!
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