Laura Muller, a sexóloga do "Altas Horas”
Era uma noite de sexta-feira e é raro que eu saía de casa nesse horário. Os restaurantes paulistanos estão coalhados de uma tribo que, decididamente, não é a minha. As pessoas com quem mais me identifico, já estão fora da cidade ou, se não viajaram, preferiram ficar em casa, na companhia de um livro, de um copo de vinho ou de ambos. Nos fins de semana, como é sabido, os restaurantes são tomados por gente menos habituada aos códigos da noite, muitas vezes chegadas do interior ou de outros Estados, o que traz uma vibração feita de "selfies" e euforia que me exaure em poucos minutos. Mesmo assim, deu vontade de comer o invariável "penne oriental" do Spot e lá cheguei com a intenção de ficar o menor lapso de tempo possível. Pois bem, eis que já me preparava para sair quando a vi chegar e sentar à mesa bem ao lado. Era Laura Muller, a sexóloga do "Altas Horas", o programa do sempiterno Serginho Groisman.
Eis uma mulher bem construída, pensei. Alta, sólida, olhos tártaros, cabelo para trás, sorriso luminoso, ali a via pela primeira vez ao vivo. O fato novo é que ela estava sem pressa. Digo isso porque a maioria das aparições dela no programa é dinâmica, divertida, mas nunca duram mais do que 5 minutos. É como se deixar um sabor de "quero mais" integrasse a proposta do quadro. Pois bem, ali estava ela, relaxada, na companhia de um camarada que era todo o oposto: baixinho, meio franzino e visivelmente tímido. Cá comigo, pensei que não deve ser missão fácil para um homem namorar com a mais aclamada sexóloga do Brasil. O único que conheci, o ex-senador Suplicy, pelo jeito nunca se recuperou da experiência e, no auge da carreira de Marta, protagonizou uma separação ruidosa e se refugiou no mato para "achar o eixo", segundo suas próprias palavras. Pedi mais um drinque e fiquei olhando o casal, protegido pelas sombras da noite. Isso foi há mais de um ano.
Pois bem, sábado último cheguei ao Nordeste cansado e, coisa que raramente faço, dormi até o por do sol. Sem sono até tarde da noite, sintonizei no "Altas Horas" justo quando Laura Müller era ovacionada pela meninada e entrava no palco. Continua bela e tem traços intrigantes. Em outros tempos, chamava-se o conjunto de uma beleza diferente. Rememorando a vez que a vira, era inevitável que me perguntasse se ela ainda está com o mesmo cara. Pois bem, é possível. Mesmo porque, a concluir de suas colocações, sexo é jeito, é afinidade, é descoberta, enfim, é tudo menos performance, como dão a entender os filmes pornográficos em que muitos se inspiraram para apimentar a alcova. E depois, quem garante que o baixinho não fosse um tufão entre quatro paredes? Ou no chuveiro, na cozinha, no tapete da sala ou até no jardim, ao ar livre, tendo a lua por testemunha? Nesse terreno, ninguém pode ser subestimado.
A plateia estava inspirada sábado último. Sempre se valendo do subterfúgio de "uma amiga gostaria de saber", moças e rapazes bombardearam a adorável Laura com algumas pérolas. Alguém quis saber se era recomendável que o homem suspendesse a ejaculação, pressionando a base do pênis como forma de intensificar o prazer mais adiante. Uma mocinha perguntou se era normal que as pessoas tivessem uma fome bíblica depois de transar. A sexóloga aquiesceu meio sem convicção, talvez por não querer dizer que isso não teria acontecido se o casal em questão tivesse fumado menos maconha. E a quarentena de sexo depois da gravidez? Ora, disse Laura, esta dura um mês e só é válida para a penetração vaginal. Rindo com todos os dentes, aduziu: "As outras brincadeirinhas estão totalmente liberadas". Que ofício divertido esse da Laura, não é à toa que é tão exuberante e energizada. Será que dá consultas ao próprio Serginho?
Fiquei imaginando o quanto ela não deve ser abordada em aeroportos e salas de espera por pessoas interessadas em conhecer mais sobre as zonas erógenas e como podem fazer para renovar seu estoque de surpresas. Uma garota exagerou nas fantasias. Disse que sente muita dor quando fica "de quatro em pé". Instada a demonstrar como seria essa posição inusitada, foi indultada pelo apresentador. Antes de dormir, lembrei-me de um episódio de minha infância, sempre ela. Na última prateleira de um armário, percebi que papai escondia um livro secreto. Um dia, lá pelos 10 anos, subi na cadeira e o alcancei. Era cheio de desenhos em preto e branco e se chamava Kama Sutra. Mostrava posições esquisitas e achei que fosse para ginástica a dois. Pois bem, quero ter uma pergunta na ponta da língua para o dia que encontrar de novo com Laura Muller. Se não me ocorrer nenhuma, vou perguntar se ela ainda está com o baixinho. E, é claro, se gosta de gordinhos.
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