Um PIB maior significa mais inflação? Entenda
Depois que o PIB do segundo trimestre saiu, muita coisa aconteceu. O dólar caiu, a bolsa subiu e a última edição da pesquisa Focus do Banco Central (BC) revelou que as expectativas de inflação para o futuro, também. A razão para isso está na surpresa positiva do PIB que, segundo alguns agentes econômicos, pode levar a uma nova alta dos preços. A expectativa de inflação para este ano foi de 4,9% para 4,92%, acima do teto da meta perseguida pelo BCB, de 4,75%. A meta de inflação deste ano é de 3,25% e pode oscilar até 1,5 ponto porcentual para cima e para baixo. Já para o 2024, a estimativa do ritmo do aumento dos preços subiu de 3,87% para 3,88%. A meta para o ano que vem é de 3%. Mas não há uma relação diretamente proporcional entre o PIB e a inflação. É possível que um caia e o outro suba, mas também é possível ver uma retração dos dois indicadores ou subidas conjuntas.
Por que o PIB subiu?
Segundo Carla Beni, economista e professora da FGV, o crescimento do PIB significa que o Brasil adicionou mais valor à sua economia. No caso do último semestre, a adição veio por parte do setor agropecuário, que registrou exportações sem precedentes. Ou seja: o Brasil mandou commodities agrícolas para o mundo e, em troca, o mundo enviou cédulas de dólar para o país. Por isso, o real tem se valorizado desde o início do ano. Assim, todas as mercadorias importadas e os componentes vindos do exterior (portanto, são comprados em dólar), tiveram uma baixa de preços.
E, se seus preços caíram, eles viveram uma deflação, não uma inflação. Ao mesmo tempo, a inflação oficial do Brasil medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tem se mantido estável, em desinflação. "Uma alta do PIB não significa que a inflação vai acompanhar. Isso seria muito ruim, porque o crescimento dos países não seria algo positivo e os governos tentariam conter a expansão dos países", explica Carla. Mas por qual razão as projeções de inflação subiram? A professora detalha que a inflação pode ter quatro causas, do ponto de vista da política monetária, como demanda ou consumo da população, custos de produção, inércia da economia e a expectativa de inflação futura.
Assim, os agentes econômicos tomam suas decisões de negócios e fazem suas projeções para o futuro analisando estes quatro fatores – em especial, quando se trata de renda fixa. "Se o maior componente do aumento do PIB fosse o consumo das famílias, aí sim se poderia dizer que há alguma correlação", avalia a professora. Mas, visto que o 78,5% da população brasileira está endividada, não é o caso, afirma ela. O que se observa é, na verdade, uma projeção de inflação vinda da parte dos custos para a produção. Neste caso, a elevação ainda é reflexo do reajuste no preço da gasolina e do diesel para as distribuidoras, implantado pela Petrobras.
Com Redação da B3
Veja mais notícias sobre BrasilBolso & BolsaEconomia.
Comentários: