Crescimento puxado por serviços e PIB de 1,6% são apostas da Federasul para 2026

Gastos públicos elevados e inflação alta embasam a análise da entidade
De acordo com a análise da equipe econômica, medidas de crédito e de transferencia de renda devem impulsionar 0,7% do crescimento econômico em 2026
A Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) está pessimista com as projeções econômicas para 2026. Esse foi o clima durante a coletiva de imprensa para o balanço de 2025 da entidade e perspectivas econômicas para o próximo ano, realizada nesta quinta-feira (12). No cenário internacional, o ano de 2025 se encerra marcado pela estagnação do crescimento econômico global, que tem sido pautado sobretudo pela atuação dos Estados Unidos. A perda da força da moeda americana com relação ao mundo e o enfraquecimento do mercado de trabalho dos EUA induziram o Fed, banco central americano, a reduzir a taxa de juros, o que desvalorizou a moeda.

Crescimento respaldado por gastos públicos
Conforme os dados apresentados pelo vice-presidente de economia da Federasul, Fernando Marchet, nos últimos cinco anos a economia brasileira apresentou crescimento médio de 3,3%. Entretanto, esse movimento se deve sobretudo a programas de transferência de renda, à expansão do mercado de crédito e, em última análise, ao aumento do gasto público. "Não estamos falando aqui de investimento em infraestrutura ou nas empresas. Estamos falando de dinheiro para consumo", analisa Marchet.

O esgotamento desse modelo de crescimento é sinalizado pela falta de disponibilidade de mão de obra. O menor nível de desemprego da série histórica, aliado à redução no ritmo de geração de empregos, apresenta limites para a continuidade da tendência de tração da economia. "Esse crescimento vinha gerando muito emprego, e agora ele diminuiu a capacidade das empresas, até porque não há mais pessoas para contratar", pondera Marchet. "Então, a gente termina um desemprego estrutural que vai se manter no Brasil", projeta.

Desaceleração à frente
A economia tem desacelerado nos últimos trimestres devido ao endividamento das famílias e ao esgotamento dos canais de crédito e consumo. "A consequência dessa pressão de inflação e desse nível de endividamento é a nossa taxa de juros", analisa o economista. O aumento dos gastos contribui para a pressão inflacionária, resultando em altas taxas de juros por parte do Banco Central (BC). O BC tem agido de forma ortodoxa para controlar a inflação, mesmo que isso signifique desacelerar a economia. Além disso, Marchet enfatizou que o investimento no Brasil tem caído desde 2015 e permanece baixo, apesar de um certo crescimento econômico.

A expectativa da Federasul para 2026 é clara. "Acreditamos que o governo continuará fazendo medidas para manter a economia aquecida", aposta Marchet. Com isso, a entidade projeta inflação de 4,4% até o fim de 2025, que deve chegar a 4,5% em 2026. Para a taxa Selic, a expectativa é de 13% ao final do ano, um valor superior ao de muitas outras projeções de mercado. Isso se deve à previsão de uma economia mais aquecida, que limitaria o espaço para cortes mais agressivos do Banco Central, mesmo que inicie um movimento de queda.

O crescimento do PIB é estimado em 1,6%. A economia continuará crescendo, mas em ritmo mais lento. A equipe de análise prevê que as medidas de incentivo ao crescimento terão impacto significativo no PIB. "Na nossa projeção, 0,7% do crescimento estimado para o ano que vem advém somente do incremental de medidas já conhecidas", alerta Marchet.  Sem esses incentivos, o crescimento seria de aproximadamente 0,9%. Serviços e comércio serão o principal motor do crescimento, especialmente por serem mais sensíveis ao consumo. O agronegócio deve apresentar bom crescimento, mas significativamente menor que no ano anterior devido a uma base de comparação elevada. Já a indústria continua estagnada devido à baixa competitividade, sem expectativa de melhora substancial.
Rio Grande do Sul deve crescer com o dobro da taxa do país
O PIB gaúcho tem um crescimento projetado em 3% pela Federasul, quase o dobro da média nacional. A taxa é  impulsionada principalmente por uma safra agrícola estável, sem perdas significativas, que beneficia o PIB estadual. A agropecuária gera um efeito positivo no setor de serviços, que também se beneficia das políticas de consumo e estímulos estaduais. Assim como no Brasil, a indústria gaúcha enfrenta desafios, embora haja uma pequena recuperação prevista no setor de máquinas e equipamentos agrícolas, que é forte no estado.

Veja mais notícias sobre BrasilEconomiaRio Grande do Sul.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Quinta, 11 Dezembro 2025

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://amanha.com.br/