Redução de juros pode impulsionar o crescimento a partir do segundo trimestre de 2026

Na avaliação da Fiesc, o aumento da renda e a manutenção do mercado de trabalho aquecido devem seguir impulsionando a economia no próximo ano
"A expectativa é de que a partir do segundo trimestre de 2026 possamos observar uma retomada mais consistente do crescimento da economia, caso a redução da Selic se concretize", projeta Seleme

O impacto negativo da taxa básica de juros, que está em 15% ao ano, e do tarifaço na economia de Santa Catarina resultaram em uma desaceleração do crescimento industrial em 2025. Na avaliação da Federação das Indústrias (Fiesc), o movimento de redução de ritmo só não foi maior porque a diversificação industrial diluiu o peso desses fatores, já que segmentos relevantes para a economia do estado foram impulsionados pelo elevado nível de consumo das famílias e também pelo ciclo da construção civil. Um exemplo disso é que a produção industrial de Santa Catarina avançou 2,8% no ano até outubro, na comparação com o mesmo período de 2024. Na mesma comparação, a atividade da indústria brasileira cresceu apenas 0,8%.

A fabricação de produtos de metal foi um dos segmentos que puxaram o resultado em Santa Catarina, com alta de 14,8% frente ao mesmo período do ano anterior, explicada, em parte, pelo dinamismo da construção civil no estado, e também do setor automobilístico nacional focado em veículos de maior eficiência energética. "A produção de alimentos, um dos motores da indústria catarinense, foi beneficiada pelo aumento da renda. Também contribuiu para o desempenho a retomada da atividade econômica na Argentina, que voltou a comprar produtos catarinenses de diferentes setores", explicou Gilberto Seleme, presidente da entidade, na tradicional coletiva de imprensa que apresentou o balanço econômico de 2025 e destacou as perspectivas da Fiesc para o ano que vem.

Até novembro, as vendas para o país vizinho cresceram 19,2%. Segundo Seleme, a Argentina teve um papel importante para o crescimento das exportações catarinenses ajudou a minimizar a redução das vendas externas para os dois principais destinos de nossas exportações, os Estados Unidos e a China. As vendas aos Estados Unidos foram prejudicadas pelo tarifaço (declínio de 14,1% no ano até novembro), enquanto a queda das exportações para a China (9,1%) reflete uma desaceleração da atividade econômica no país asiático.

Na avaliação da Fiesc, as medidas para conter a inflação trouxeram o efeito esperado, de desaceleração da economia, embora o ciclo de alta dos juros esteja longo, devido à expansão do gasto público. "A expectativa é de que a partir do segundo trimestre de 2026 possamos observar uma retomada mais consistente do crescimento da economia, caso a redução da Selic se concretize", projeta Seleme. Ainda para 2026, a expectativa é de que o aumento da renda, decorrente das mudanças na faixa de isenção do Imposto de Renda, e a manutenção do mercado de trabalho aquecido sigam impulsionando a economia. No cenário externo, a assinatura do acordo entre a União Europeia e o Mercosul pode levar a um incremento das exportações para o bloco. "Se ampliadas, as vendas para a União Europeia tendem a minimizar os impactos de uma eventual manutenção do tarifaço e as exportações catarinenses poderão ter novamente um ano positivo. Soma-se a isso a perspectiva de continuidade da retomada do crescimento na Argentina", afirma.

Seleme destacou ainda que em 2025 os produtos catarinenses chegaram a mais destinos, e vendas externas para mercados menos tradicionais foram ampliadas, compensando parte da queda nos embarques aos Estados Unidos. Quando perguntado se nutria esperança de que as tarifas norte-americanas voltem ao patamar anterior, Seleme preferiu ser cauteloso. "Temos de manter o otimismo, mas não vejo luz no fim do túnel", declarou. Seleme contou ainda que irá para Brasília na próxima semana para pedir celeridade ao Ministério da Indústria e Comércio na negociação com o governo norte-americano.

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Quinta, 11 Dezembro 2025

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